30 de novembro de 2004

em de-talhe

INCAPACIDADES
O que é preciso que um homem desesperado faça, para mostrar ao Sr. Presidente da República, a situação indecorosa, dolorosa e angustiante em que este o meteu? O homem continua aos pulos em frente a Sampaio mas este parece não atender a pedidos...
A este ritmo, só isso pode explicar a trapalhada total, assim como o consenso alargado entre variados sectores da sociedade civil (só no futebol é que não...) em afastar este elenco governativo ilegítimo (do ponto de vista simbólico) que apenas leva 4 mesitos de governação.
Se até entre o próprio partido - após 4 singelos meses cheios de grandes momentos, é certo - se levantam vozes de enorme contestação, vozes de notáveis do partido... como não hão-de os outros, insatisfeitos e incrédulos, pôr em causa tudo o resto? Passados somente 4 meses, há um ministro que se demite, acusando o 1º Ministro de mais ou menos o mesmo que traição. Devo recordar que acusações deste calibre são inéditas e reveladoras do mínimo dos mínimos de sentido de Estado? Ou não, espelham o normal funcionamento das instituições? A ser assim, a normalidade deste país são as patologias dos outros, sejam mais ou menos desenvolvidos... Mas isso só não vê...
Também não é por acaso que surge a mais recente sondagem de opinião, com estes resultados demolidores, apurados, porventura, pelo melhor centro de sondagens que por cá vai havendo: o Centro de Sondagens da Universidade Católica. Tecnicamente irrepreensível, os resultados da sondagem reflectem todo o descrédito do governo junto dos portugueses e no momento em que foi realizada nem o «grito do Ipiranga» lançado por Cavaco nem a demissão de Henrique Chaves constavam do rol de asneiras; e nem a fábula parturiente, própria de um chefe de governo. Estas passaram a figurar pouco depois (ver http://ultimahora.publico.pt/shownews.asp?id=1209650&idCanal=21).
A esta hora, Sua Exa. o Presidente da República já muito dificilmente ficará bem na fotografia, independentemente de sorrir para a câmara ou de fazer duas cambalhotas em fast forward. Parece um martelo pneumático a furar sem cota de profundidade definida. E desde o início que essa tarefa era previsivelmente, árdua. Tão árdua como ficar bem na mesma fotografia que Bush, Sharon, Bin Laden, José Eduardo dos Santos, Fidel Castro, Milosevich, Nino Vieira, Valentim Loureiro, Avelino Ferreira Torres, Vale e Azevedo, etc., etc.
A «obra» desorçamentada da Figueira assim como os 118 milhões de euros de Lisboa não chegam? Para a mais alta figura de um governo cuja imagem de marca deve ser a credibilidade, a idoneidade? É de obras dessas que o povo gosta e os políticos oferecem, obras desrespeitadoras do meio ambiente, do ordenamento do território, dos contribuintes, e que ainda são beneficiadas com o Programa Pólis (feito à medida do benefício do infractor). As pingas dessa urina calharam em cidades como Évora, com todos os custos inerentes a quem deu a mínima utilidade a instrumentos como o PDM, sem oferecer o património em bandeja de ouro aos patos bravos (como sucede quase sem excepção em todo o litoral e não só). É essa a paga! E bem se pode ver como o dinheiro não compra beleza e muito menos qualidade de vida!
O Dr. Jorge Sampaio tem toda a razão quando alude à estabilidade política como factor crucial para a consolidação da estabilidade e crescimento económicos. Não é novo, vem em todos os manuais de ciência política e economia, é perfeitamente banal.
Mas, o que fazer, quando o principal foco de instabilidade tem a sua génese no próprio governo?
PS: Amanhã é comemorada a restauração da independência. Proponho que invadamos Espanha e nos mudemos para lá, se os espanhóis nos quiserem. Em alternativa, mandem essa gente toda prá Quinta! Já lá estão alguns...

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