2 de março de 2006

Dupla Ruptura Epistemológica

No domínio do conhecimento puro, a dupla ruptura epistemológica é uma ferramenta [uma atitude perante a epistéme, também] bastante valiosa: ruptura com o senso comum num primeiro momento, para em seguida [após processamento e sistematização da informação], proceder à ruptura com o discurso científico, convertendo-o a uma inteligibilidade prolixa, desconstruíndo-o até ao nível de um objecto de leitura acessível aos leigos. Cortesia de um mundo que quer deixar o hermetismo, talvez. Coisa que este texto não consegue. Mas está presente em fórmulas simplificadas como a descoberta de Newton acerca da força de gravidade: o vulgo sabe o que significa, embora não a consiga explicar por meios científicos. A quem é que não caiu já na cabeça uma maçã golden?

Não obstante, deste processo faseado, emerge uma dúvida, presque metodique (para homenagear os mais cartesianos): que fazer aos outros tipos e fontes de conhecimento, que não o científico? Outros tipos e fontes de conhecimento (empirismo, intuição, sensibilidade, etc.) que não careçam de validação científico-racional? São simplesmente olvidados e diluídos na obsessão da procura de uma Verdade construída pelo discurso dito científico?

É que, mesmo nesse processo de dupla ruptura epistemológica, essas formas de conhecimento não deixam de estar presentes e porventura matizam indelevelmente todo o percurso da investigação, orientando o ser meramente racional.

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