SANGUE ACABADINHO DE VERTER SABE MELHOR A QUEM O BEBE
Tenho andado a pensar já algum tempo sobre isto dos blogs e chego à conclusão que um blog sem polémica é como um jardim sem flores.
Um tipo até pode ser diligente e atento (e até inteligente como eu) mas é um fracasso estratégico apontar baterias aos políticos, ao governo, aos partidos políticos, entre outros. A razão é muito simples: andamo-nos a ocupar de coisas irrelevantes que fazem parte de um universo que me é inacessível, é intangível. Não sou de Lisboa, sou da periferia da periferia e por isso não posso dizer mal desse universo como os insignes e astutos comentadores de tudo: eles tratam-se por tu, mesmo não sendo comunistas, eles trocam de parceiro(a) entre si, de carro, começaram nas reuniões da tal cave, nos «bogos» subversivos do jardim ou foram alunos uns dos outros.
Em suma, eles conhecem-se! Portanto têm legitimidade para dizer mal. Eu não, ponto final.
É certo e sabido que nestas coisas é crucial cultivar inimizades, semear ódios, objectivos que só podem ser cumpridos através do insulto, do vilipendio público, do estalar do verniz, do telhado de vidro esburacado, do arremesso acobardado de palavras, da sapatilha na tola, da cuspidela dos olhos.
Nesse caso, terei que começar por baixo, isto é, terei que forçosamente rever a minha estratégia de conquista de poder, a minha velha pretensão de chegar a Ministro. Após uma longa e aturada reflexão, conclui que a melhor forma é despoletar mau-estar e gerar reacções entre os meus conhecidos, difamando-os ou atacando-os publicamente.
Aí, todos se vão meter ao barulho e isto vai chegar a Lisboa, será comentado nas mais finas soirées, na pausa para xupas no Conselho de Ministros, no Bartoon, no bar do Tamariz, na marina de Lagos, na casa de Elvas e no Elefante Branco.
Basta começar por dizer que o Faustino, que até é um gajo porreiro, sempre prestável, cordato e sensível, andou metido com a irmã da namorada do tio do Miguel, que por sua vez é pai da Mónica. Claro que não é por isso que o Lourenço, marido da irmã da namorada do tio do Miguel, fica aborrecido. Ele vai ficar fulo porque é sabido que a sua anterior namorada o largou como um cão, por suspeitas de ejaculação precoce, tendo supostamente partilhado essa suspeita com a mãe da Magali, madrinha do tio do Miguel.
Nisto, antecipando a previsível reacção do Lourenço, o Diogo, que andou metido com o Lourenço nos tempos de universidade, vem a terreiro desmentir qualquer possível difamação porque apesar de estar casado com a Mónica, confessa que ainda ama o Lourenço e garante que este não sofre de ejaculação precoce, o que irrita profundamente a irmã da namorada do tio do Miguel, que sem ter tido nada que ver com o caso, acaba por esbofetar não o Lourenço, seu marido, mas sim o Diogo, por quem ela manteve uma paixão secreta, levando inclusive o seu pai a promovê-lo a sub-director geral da empresa, da qual é accionista principal a namorada do tio do Miguel, cujos affaires extra-conjugais são públicos.
Claro que a namorada do tio do Miguel não viu com bons olhos a promoção, tendo em conta o passado de Miguel, antigo assassino profissional, carrasco do filho de Magali, na altura médico responsável pela laqueação de trompas da Mónica.
Claro que esta história daria certamente em cornos e tiros, sobretudo se os intervenientes chegassem à conclusão que era eu o autor desta obra difamatória. Mas entretanto, a essa hora, já eu estaria bem longe, quem sabe em S. Bento...
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