27 de setembro de 2013

A avaliação eleitoral ao executivo CDU foi em 2001 e não em 2013



Infelizmente, as campanhas eleitorais são por vezes pautadas por um ressabiamento que excede as fronteiras da ética e da seriedade que a democracia exige. No caso de Évora, o jornal de candidatura de Manuel Melgão à Câmara Municipal de Évora apresenta um quadro comparativo da obra feita pela actual gestão PS e pela anterior gestão CDU, produzindo um enviesamento intencional. É evidente que as candidaturas se esforçam por focar os aspectos positivos das suas gestões e minimizar os aspectos positivos das candidaturas concorrentes. Mas não será excessivo dizer que há limites para a obliteração e, necessariamente, para a manipulação da informação.

Para não extravasarmos o âmbito do referido quadro comparativo, importa desmontar esse discurso perverso com o reposicionamento da verdade no sítio que lhe compete. Desde logo, aludindo ao conjunto de obras que resultaram de transferências do Estado para as autarquias como em 2008 na área da educação ou, em 2004, do património do Ex-IGAPHE para os municípios, justificações para os «investimentos» feitos na educação e na habitação social. 

A maquinação não fica por aqui. Assumem-se como obras da autarquia, aquelas que resultaram de programas lançados pela Administração Directa do Estado (exemplo da requalificação do parque escolar e edificação de novas escolas), do envolvimento directo do governo (exemplo da Embraer) ou, até, da Associação de Municípios do Distrito de Évora (exemplo da recolha de lixo indiferenciado e selectivo) com a qual, de resto, há um conjunto de compromissos financeiros por cumprir, os quais têm comprometido a relação desta autarquia com as restantes do Distrito. 

A própria requalificação da área envolvente da muralha resulta numa falácia pois, como se sabe, foi apenas executada no primeiro mandato de José Ernesto depois da reivindicação de autarquias como a de Évora que foram inicialmente colocadas à margem do Programa Polis (final da década de 90), precisamente porque não tinham necessidade de reabilitação urbana profunda como a que aquele programa tinha por objectivo.

A estas «realizações» juntam-se os conhecidos «flops» (exemplos do Salão Central e do Estádio Municipal), os investimentos duvidosos (exemplos da Arena de Évora, Évora Moda, Águas do Centro Alentejo, as duas obras contratadas e pagas em simultâneo para a Rotunda das Portas da Rua do Raimundo etc.) e as rupturas ou desleixos: com o Centro Histórico, com os agentes associativos, com a cultura, com as finanças municipais, com o potencial de envolvimento da Universidade de Évora no desenvolvimento regional e, com a própria operacionalidade e capacidade de resposta dos serviços municipais. Entre tantas outras opções políticas cujos benefícios são extremamente duvidosos.

Nestas eleições, perdemos todos uma boa oportunidade para que o actual executivo explicasse aos eborenses o que deixa realmente para a posteridade. De forma séria, de peitos abertos, em vez de se permitir que lacaios seus andem a envenenar as populações rurais com a ideia de a CDU se preparar para fechar sedes das juntas de freguesia unificadas. O disparate não podia ser maior. Feio, feio.
É evidente que todas as gestões têm aspectos positivos e negativos. É elementar.

Contudo, o que está aqui em jogo não são as gestões da CDU antes de 2001, como alguma gente quer fazer crer.  Essas foram avaliadas pelos eleitores oportunamente. Em 2001, claro está. E os eleitores sancionaram a CDU apesar do apoio esmagador que deram durante mais de duas décadas ao Abílio Fernandes. Em suma, o que está aqui a ser avaliado, como prevê a democracia, é a gestão PS na autarquia de Évora. E é sobre essa que os eleitores se vão pronunciar no próximo domingo

Espero que o façam em consciência, embora não possa deixar de me sentir decepcionado por ter que dizer hoje e sempre que, em democracia, não vale tudo.

1 comentário:

Anónimo disse...

O povo eborense não foi em conversas e deu a vitória a cdu. No entanto por algum motivo em algumas freguesias rurais, o ps conseguiu iludir as pessoas.