19 de junho de 2006

Uma Ideia

O maior património de um homem pode ser uma ideia apenas. Uma ideia forte, determinada e capaz de derreter as mais sólidas fortificações. Angustiada de tanto sofrer na penumbra da inacção. Remói, remói. Uma singela e ténue ideia, escudada por uma vontade inabalável. Irresistivelmente incisiva, apaixonada e arrebatadora. O céu é incapaz de a conter. E os corpos, meros carreteiros, substrato físico acolhendo uma intangibilidade corpórea que enche e esvazia ao ritmo sincopado de um coração ideal. Mas está lá, jamais se apaga. A ideia germina num núcleo insondável. E existe e alimenta o ser, au delà du bien et du mal. É incompreensível. O que a move? Dores de um crescimento interrompido pelo mais detestável ruído. Não, ruído não. Supera esse ruído atroz e desconcertante, faz-se ideia genial, em ruptura. Antes a sua paz ininterrupta, sanguínea e genuína. Principal. Ideia que cresce, se avoluma e dilata, expandindo-se em explosões incontroladas e incontidas, para além dos céus e da matéria, para além do próprio pensamento demiúrgico.

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