7 de setembro de 2006

à tout propos (229)

Sinto simpatia pela cumplicidade dos sinais de luzes que denunciam a presença de polícias na estrada. Durante muitos anos debati-me com a bondade e justiça dessa acção, ímpia aos olhos da sociedade de bem-parecer.

Mas há alguns argumentos que merecem ser colocados em evidência. Partimos do pressuposto, tantas vezes confirmado pela BT-GNR, que a presença policial tem como primeiro objectivo a dissuasão de comportamentos desviantes.

Assim sendo, parece ser indiscutível que ninguém no seu perfeito juízo, tomando consciência da presença policial, acelere a sua marcha ou, caso não esteja em condições psicológicas para conduzir, se predisponha a permanecer sentado ao volante. Objectivo cumprido, os condutores são dissuadidos.

Se no primeiro caso e findo o raio de acção do radar ou do longo braço da lei (que por vezes se converte nas longas garras da lei), o condutor pode retornar à condução em excesso de velocidade, já no segundo caso, o condutor opta por uma de duas alternativas: ou estaciona e espera que lhe passe ou procura estradas secundárias, reduzindo a probabilidade de encontrar outros veículos ou transeuntes. Quanto ao despiste [sozinho ou com consentimento do registo comportamental pelos demais], quer-me parecer que ninguém tem nada que ver com isso, nomeadamente o SNS, polícias ou tribunais (desde que não resulte em danos meteriais como cercas, muros, postes, paredes, etc.). Sobretudo se o homem registar um histórico de zelosa honradez dos seus compromissos fiscais.

Há sempre o argumento policial de que, os sinais de luzes podem servir para alertar condutores que se façam conduzir em carros furtados ou não segurados.

Contudo, é para mim mais admissível o prejuízo de um (cujo carro foi roubado mas pode ser reavido) em detrimento do prejuízo de muitos porque, para além da corrupção, grassa por esse asfalto fora, aquilo que pode ser considerado um verdadeiro Roubo Generalizado de Estado.

Entretanto, os acidentes e os maus comportamentos na estrada não terminam devido ao agravamento das coimas. E isso é um facto estatístico.

Sem comentários: