23 de novembro de 2006

Um Passeio Inocente

O governo continua irredutível ao considerar como manifestação, um simples e inocente passeio de militares, os quais, por casualidade, pretendem confluir em ajuntamento para o Terreiro do Paço (um local, de resto, aprazível).
Não haverão cartazes, palavras de ordem ou a necessidade de interditar a via pública. Mas Sócrates insiste na cooptação de direitos constitucionalmente consagrados.
Compreende-se o receio do governo. A generalização de expressões públicas de descontentamento no seio das forças armadas poderá conter em si o germe da indisciplina, da desordem e do afrontamento a um poder democrático.
Contudo, o subterfúgio semântico a que os militares recorreram é perfeitamente legal, mesmo se a iniciativa se reveste claramente de um carácter de intervenção política.
Não há nada que impeça os militares ou qualquer outro grupo socio-profissional de se passear alegremente junto ao rio ou num descampado em trás-os-montes. Actualmente não... A impossibilidade de ajuntamentos [que não para fins lúdicos ou de apoio à União Nacional] terminou supostamente em 25 de Abril de 1974.
Ou será que não terminou?!...

1 comentário:

pachkilima disse...

terminou,terminou... o que não descola é a tatuagem colorida da desconfiança, um grupinho de "garibús" que se junta ali todas as tardes é que nem disfarçam hein? e isto das tatuagens leva o seu tempo a desaparecer, a perder valor