16 de janeiro de 2008

Das Caldas ao Aeroporto

Ser político degenerou numa profissão de risco. E ser autarca, ainda mais. Não satisfeito com a pesada cruz, o senhor Fernando Costa, insigne presidente da câmara municipal das Caldas da Rainha, enterrou definitivamente a questão no programa da Fátima. Cumprindo escrupulosamente o que não se lhe pedia, a nervosa criatura acabaria por incendiar os notáveis espectadores com humor do mais refinado, quando, desferindo um derradeiro e arrebatado ataque à idoneidade do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), se incluiu no lote dos que conhecem perfeitamente a secular arte de enviesamento de estudos ou viciação de pareceres técnicos. Um momento delicioso oferecido de borla aos telespectadores e, claro, aos investigadores da Polícia Judiciária.

Mas, em todo o caso, a coisa estava mal dividida porque se haviam dois do lado da Ota (o agiota encapuzado Henrique Neto e a ressabiada comunista Zita Seabra), não se percebe o que estava o ministro das obras públicas a fazer do lado de Alcochete. Infelizmente, não havia ninguém deste lado porque a pessoa que restava era o presidente do LNEC. De resto, o programa consistiu em certificar publicamente a declaração de idoneidade moral e técnica do LNEC. Tudo o resto, fait divers, com excepção daquele deleitoso esfregar de nódoas que Lino e Seabra tiveram oportunidade de trocar a respeito dos respectivos passados de aparente má memória.

Quanto ao desditoso Costa, deus o conserve vivo, pois daqueles, só nas Caldas.

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