18 de agosto de 2008

Alguma água na fervura...

Algumas declarações de atletas olímpicos que tratavam de projectar parte dos respectivos desaires olímpicos para elementos estranhos – a hora, a pressão mediática, o estádio ou a previsibilidade de derrota - caíram mal no Comité Olímpico Português (COP). A celeuma foi levantada pelo seu presidente, Vicente Moura, e corroborada pelas medalhadas Vanessa Fernandes (hoje) e Rosa Mota. Quanto a estas, parece-me que são/foram infinitamente melhores atletas do que pensadoras.

Parece claro que algumas dessas declarações são profundamente infelizes e não mereciam o destaque dado pela comunicação social e pelos seus necrófagos hábitos. Talvez a celeuma só tenha sido levantada porque foram vários os atletas a desculparem-se. Mas, a este respeito, não me parece que as desculpas sejam indesculpáveis... Sobretudo, porque as razões do fracasso de atletas como Telma Monteiro (judo) ou Francis Obikwelu (atletismo) têm contornos diferentes das razões de Vânia Silva (atletismo) ou Tiago Venâncio (natação), quer pelas expectativas geradas quer pelas ilações a tirar junto das respectivas equipas técnicas e federações. No último caso, o nadador optou por cumprir um plano de treino à margem do plano estabelecido pelo COP. Certamente porque acreditou ter melhores condições. Teve um erro de cálculo.

Todas essas declarações foram recolhidas na ressaca dos acontecimentos e sem serem sujeitas ao exame da razão. Claro que não desculpam atitudes menos, digamos, olímpicas. Mas também não são razão para criticar atletas na praça pública. A não ser por manifesta ausência de espírito olímpico. Estes foram os casos de Jessica Augusto e Francis Obikwelu (atletismo). No primeiro caso, porque a meio-fundista se recusou a participar nos 5000 em face da «forte concorrência» e, no segundo caso, porque o brilhante atleta ponderou erradamente a sua não participação nos 200 metros depois de uma prestação fraca nos 100 metros.

As declarações foram, em todo o caso, honestas.

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