__
Numa alegoria à revelação, este retrato romântico parece querer sublimar a ascensão triunfal do indivíduo após o turbilhão com que se debateu nas trevas da sua existência. No pico, tudo é nebuloso e incerto excepto a assombrosa clarividência de um homem.
Durante o caminho, é sovado por colossais vagas de ondas com 30 metros e sujeito às mais incríveis provações mas aguenta-se firme perante a ira dos deuses que, incompreensivelmente, estão todos contra si.
Fortalecido pela dura ascensão, o indivíduo está agora preparado para… contemplar inconsequentemente os picos, o objecto inacessível do seu desejo. Vejam a sua distinta pose, observando incólume por cima do nevoeiro terreno. Mas, na realidade, observa o quê, senão e apenas o mais frugal nevoeiro que se estende a seus pés? É tempo de recolher às trevas, pelo gosto de voltar a subir.
Fortalecido pela dura ascensão, o indivíduo está agora preparado para… contemplar inconsequentemente os picos, o objecto inacessível do seu desejo. Vejam a sua distinta pose, observando incólume por cima do nevoeiro terreno. Mas, na realidade, observa o quê, senão e apenas o mais frugal nevoeiro que se estende a seus pés? É tempo de recolher às trevas, pelo gosto de voltar a subir.
Ou então, é apenas uma alegoria à confusão, por não distinguir o mar do nevoeiro.
21 comentários:
Na Estética, o exemplo perfeito do sublime como oposiçao ao belo. bravo.
ainda bem que compreendes o meu estado de espírito às sextas à noite...
será que o gajo não tá só a pensar mandar-se?
pendura lá uma cena com sol, meu...farto de nuvens ando eu...
Não é o fim que interessa, mas o caminho, o provar a nós mesmos que somos capazes de lá chegar
se o caminho fosse fácil não apreciariamos na plenitude aquilo porque lutamos
@20:25
se me sair o euromilhões eu digo-te se não aprecio tudo com uma ganda plenitude...
Ainda assim, vecino del medio, o caminho para te sair o euromilhões não deixa de ser duro, árduo e cansativo.
Goza-te dele
Afinal depois de um turbilhão, de luta constante contra grandes vagas e tormentas que nos assolam, pouco há a contemplar.
Não se vislumbra nada para além, de um passado torturoso, que não seja, um futuro envolto no nevoeiro de incertezas.
A revelação dos picos, tem consigo outra associada, para além do que a nossa vista alcança existirá outro pico ainda maior... só esta certeza pode evitar o deslumbramento vazio do presente... e a inércia do futuro próximo.
Mas é bom alcançar o pico mais próximo (e eu tive a sor de o sentir nos últimos dias). Mas outros picos existem... basta partir à conquista!
P.S.: do quadro retenho a altivez... de que não gosto!
As incertezas assistem à condição humana, subsumida naquela frase de Malraux que nos dá as boas-vindas neste blog. A vida não teria o mesmo sentido se não houvesse esse grau de imprevisibilidade, apesar das diferentes interpretações: umas mais terrenas, outras mais místicas.
Deste quadro?
A solidão perante o vazio de outros seres humanos e a imensidão de uma natureza incontrolável. Há ainda os que sentem a solidão entre outros seus iguais...
acho que é o d. sebastião a pensar: "nah... àquele país não regresso nem que me paguem, eles que continuem a olhar o nevoeiro debaixo q'eu prefiro vê-lo de cima".
(gostei muito da relação imagem/texto)
Estes comentários têm muito mais nível do que os que são produzidos em muitos blogues, se me é permitido...
ARV,podemos entender um convite às incursões a este canto de pensamentos?
e em todos os seus quadros as figuras se encontram de costas voltadas para nós..
bida, tens que explicar melhor esse assunto. Qual ou quais as razões?
lembro-me de ter estudado isso, a figura é um elemento de mediaçao entre o espectador e a pintura, (nao so a nivel compositivo, paisagem subjacente/figura sobreposta) mas cuja importancia é desvalorizada, o ego humano é anulado ao dar-nos as costas, pois nao é isso que importa, e sim a proximidade com Deus e a sua criaçao primeira, a natureza..
Quer isso dizer que, afinal, aquela pose não é de arrogância mas sim de mediação?
arrogancia??! modestia..
bem...só é arrogante quem pode...
Enviar um comentário