8 de novembro de 2008

A ministra da educação não tem condições, nem para governar a sua própria casa

Alguns meses depois da manifestação de cerca de 100 mil professores em Março em protesto contra a política de educação do governo (com particular incidência no sistema de avaliação), hoje estima-se que tenham marcado presença entre 110 e 150 mil. Independentemente dos números - os do governo e os dos sindicatos - a verdade é que em cerca de seis meses, os professores mobilizaram-se como poucas ou nenhumas vezes em duas ocasiões e deram um inequívoco sinal de repúdio ao governo.

É certo que numa primeira fase, o sistema de avaliação dos professores foi rejeitado liminarmente por estes para, agora, a contestação se centrar quase exclusivamente no modelo em si, ou seja, na forma como se espera que o processo decorra.

Os professores têm muita responsabilidade. Mas não se espere que carreguem com toda, sabendo que, regra geral, as universidades são cada vez menos exigentes, os pais são cada vez menos responsáveis, as dinâmicas sociais invadem cada vez mais a esfera das escolas: dos telemóveis que «emancipam» a criança com a condescendência dos pais ao alargamento do tempo que as crianças passam nas escolas em virtude das imposições profissionais e sociais dos pais. Bom, os pais… se há coisa mais irritante nesse assunto é a afirmação social pela aquisição e ostentação de bens materiais, consubstanciada naquela frase saloia: «eu quero que o meu filho tenha tudo aquilo que eu não tive oportunidade de ter». Esta super-protecção encontra o clímax na violência praticada sobre os professores por pais frustrados e empenhados em vingar as humilhações e contrariedades por que supostamente passaram quando eram, eles próprios, alunos.

Há dias, alguém me dizia que «isto só lá vai à porrada». Não estou de acordo. No próximo ano há eleições e 100 mil votos é muita fruta. Resta avaliar qual a coerência dessas pessoas no momento da votação, caso o governo não ceda e faça o mesmo que fez no ministério da saúde: recuou ligeiramente e substituiu o ministro, o homem que personificava as políticas de saúde. Disfuncionais, por sinal.

3 comentários:

Anónimo disse...

Será que o modelo de avaliação imposto pelo governo dignifica o professor?
Obviamente que não.
Quando aos professores lhes é imposto que passem mais tempo a tratar de burocracias do que nos seus planos de estudo, claro que não.
Quando um professor avalia outro professor, haverá sempre subjectividade.

Anónimo disse...

Não é mudando um ministro que se muda uma política. Só se muda uma ploítica, mudando o governo, e isso está no poder da população.

Anónimo disse...

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