5 de agosto de 2009

Adverbiamente

Onde é que a objectividade dos factos e as probabilidades estatísticas se enlaçam e se fundem num único e indissociável corpo? Onde é que esses dois elementos captados e criados pelos sentidos e razão produzem um significado autónomo? Contrariamente ao que se possa pensar, não é unicamente nessa relação primária entre o número de casos favoráveis e o número de casos possíveis em que se funda a Lei de Laplace, avó das teorias contemporâneas das probabilidades. Em rigor, também os podemos encontrar reproduzidos [mas aqui, sem qualquer sentido] num português deficiente e, infelizmente, vulgarizado pela frequência estatística acima da média, que admite namoros inúteis e transgressores entre dois advérbios, especialmente quando um é de afirmação e o outro, de dúvida: «efectivamente, provavelmente foi um resultado feliz…»

Pacheco Pereira, no seu canto de opinião na SIC Notícias, a partir do qual desfere ataques cerrados contra a incompetência e saberá ele mais o quê, diria que não foi uma expressão nada feliz e aproveitaria para exibir os seus conhecimentos aprofundados sobre morfologia, sintaxe, fonética, semântica, etimologia e lógica, para sentenciar com uma daquelas frases lapidares: «este é um vil ataque dos incultos para sepultar de vez a língua portuguesa!»
Agora, que os advérbios dão jeito, lá isso dão...

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