4 de outubro de 2004

à tout propos (16)



ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS AMERICANAS II

Já aqui havia dado conta de alguns aspectos eleitorais menos claros no estado da Florida, nomeadamente a eliminação das listas eleitoriais de 22 000 afro-americanos e 61 hispânicos. De acordo com a lei eleitoral daquele estado, os indivíduos condenados por crimes perdem os seus direitos cívicos e só os recuperam após cumprida a pena. Democrático, não?
Entre estes, contabilizam-se cerca de 600 000 indivíduos. O caso dos afro-americanos e hispânicos é diverso porque implica a eliminação das listas eleitorais, sem passar na «casa partida e sem ganhar dois contos»...

O interessante é quando é conhecido o tradicional apoio político dos afro-americanos aos democratas e dos hispânicos aos republicanos. Mais, é no mínimo estranho aquele rácio, quando as proporções de população criminal e as outras, respeitantes àquelas comunidades étnicas, não se cifram certamente em cerca de 361 afro-americanos para cada hispânico. Com Porto Rico, Cuba, República Dominicana ali tão perto? Com a linha de fronteira com o México diariamente em pé de guerra?

Por outro lado, continuam os problemas com o sistema de contagem de boletins de voto na Florida. A polémica veio para ficar apesar de substituídas as máquinas de cartões perfurados pelas de ecran tactil (depois da célebre recontagem manual de votos em 2000, a pedido do candidato derrotado Al Gore). A razão? As máquinas não emitem o recibo de voto, o que significa que nem o eleitor se certifica de ter a máquina registado correctamente o seu voto, nem é possível verificar os resultados calculados pelo sistema de contagem de votos.
Assim vai a democracia por aqueles lados. A velha Europa que se cuide...

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