31 de janeiro de 2005

A nova criminologia mediática

CUIDADO COM A TELEVISÃO
A juntar à panóplia de funções do audiovisual, creio que podemos considerar a função de «juíz confessor». Uma figura híbrida que anda entre um tira-teimas jurídico e um consílio de lamúrias e queixinhas. A coisa já estava em germe com o início da conhecida série «O Juís Decide», lançada pela SIC e que animava o pomeriggio dos portugueses, pelo menos dos que que não almoçavam...
O programa referido constitui de resto um marco significativo que havia de revolucionar a relação dos portugueses consigo mesmos e com a justiça.
Trata-se de um primeiro passo rumo à desburocratização e clarificação da justiça e sem mais delongas, podemos ver como sem ele, jamais saberiamos que António Oliveira havia sofrido um atentado televisivo; que Santana Lopes era vítima de assassinatos políticos (antes da Figueira da Foz), apunhalado nas costas pelos amigos e objecto de lambadas na encubadora (depois de acordar 1º Ministro); as próprias facadas pretensamente desferidas contra Pôncio Monteiro pelo mesmo Santana; também não teríamos conhecimento das cabalas preparadas a Rui Gomes da Silva, a Fátima Felgueiras, Luís Filipe Vieira, Paulo Portas ou Paulo Pedroso, até chegar à mais recente agressão protagonizada pelo Governo ao Dr. Freitas do Amaral.
Em suma, a televisão está a ficar demasiado violenta (dada a natureza mediática destes novos crimes), e desde a simples estalada mediática, podemos identificar uma série de agressões a que estão sujeitos em particular os homens da politica e do futebol. E o mais estranho é que já ninguém se queixa à polícia nem aos tribunais, a televisão que resolva.

1 comentário:

ARV disse...

Longe de ser caridoso, confesso que não nutro especial desprezo pela natureza humana: é simplesmente o que é.

Tenho, isso sim, algumas preocupações com a utilização que se faz de um instrumento que supostamente serviria para nos facilitar e organizar a vida: a cultura.

Sabe como é, dar pérolas a porcos é um profundo desperdício, sobretudo se forem porcos de chiqueiro. E pensar que ensinando-os a ler, os transformamos em pessoas é pura ilusão. Jamais deixarão de ser porcos.