28 de janeiro de 2005

O natural apoio de Freitas

Não sei porquê tanta celeuma e admiração por um tomada de posição que se adivinhava. Nestas coisas nunca será demais recordar que na ressaca no 25 de Abril de 1974, não havia obviamente espaço político para partidos de direita e quaisquer manifestações nesse sentido eram imediatamente olhadas de soslaio e até perseguidas. Era tudo esquerda!
Freitas do Amaral é nada menos que um dos fundadores do CDS. Um democrata, cristão mas que sempre se arrumou na prateleira do centro, à semelhança do partido que ajudou a nascer nos tempos idos da revolução. Claro que com o decorrer dos anos e a consolidação democrática, a política portuguesa foi regressando à normalidade, reposicionando o espectro político e ideológico com uma deslocação natural à direita. Deixamos de ter o CDS alinhado no centro para o vermos fazer uma deriva à direita. Com a entrada de Portas, é inclusive rebaptizado, ganhando o sufixo PP.
Mas para além de todos os argumentos de Freitas do Amaral na Visão, convém também não esquecer a desfiliação partidária que entretanto operou (há anos), um claro sinal da demarcação que sente ser necessário empreender relativamente a um partido que já não é, definitivamente o seu.
Perante o cenário político e eleitoral que se nos apresenta, como é que alguém, na sua perfeita lucidez e respectivas capacidades racionais, poderia apelar ao voto no PSD e passar um cheque em branco a indivíduos que já tiveram a infeliz oportunidade de mostrar aquilo que não valem?
Lamentáveis são as reacções de indivíduos cujo diapasão não poderia estar mais longe de um ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas e que, nesses termos, não receberá lições de ética e moral de qualquer um.

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