17 de fevereiro de 2005

A memória de Nuno Rogeiro

O famoso e imparável enciclopedista português Nuno Rogeiro, assina um texto – Nada Disto aconteceu – no DN, no qual recorda aos portugueses alguns episódios da governação PS.
Para além do evidente mérito da memória, este eminente e galopante «intelectual postador de pescada» tem igualmente a destreza da leviandade. Mas eu também! Por isso, sem recorrer a arquivos e escrito em 22 minutos, contribuo também com o meu chorrilho de factos, apesar de não dispor como ele, de direito de antena.

A saber


- Aumento vertiginoso do desemprego com o seu apogeu (até ver) em Dezembro de 2004;
- Saída de capitais para o exterior, nomeadamente através da deslocalização desenfreada de empresas;
- Incapacidade em conter (pelo menos) o défice das contas públicas, mesmo com o recurso a receitas extraordinárias e aumento de impostos directos como o IVA;
- Análise negra do estado da economia pelo mesmo Cavaco Silva e por diversos economistas nacionais e estrangeiros;
- Perda acentuada de poder de compra dos portugueses;
- Análise negra do estado da política por Cavaco Silva, Freitas do Amaral, Pacheco Pereira, Mário Soares e outras personalidades, alinhando todos no mesmo diapasão quanto à escandalosa incompetência dos actuais governantes;
- Alienação ao desbarato do pouco património imobiliário do Estado que resta;
- Polémica risível e absurda em torno do «Barco do Aborto»;
- Total desrespeito pelas deliberações da ONU e a vergonhosa posição assumida na «Cimeira da Guerra» (Base das Lajes);
- Planos de combate à evasão fiscal assentes na teoria da isenção fiscal…
- Continuação das ligações perversas ao mundo do futebol, envolvendo maioritariamente autarcas e militantes sociais-democratas;
- Afastamento da magistrada responsável exactamente pela condução dos processos relativos à perversidade do mundo do futebol;
- Rejeição da co-incineração sem esboçar uma alternativa técnica, económica e socialmente equilibrada;
- Quedas sucessivas de ministros e episódios lamentáveis como a colocação dos professores, a assunção do «Estado Católico», o agravamento das listas de espera nos hospitais, as contas no estrangeiro em nome de sobrinhos taxistas, os anúncios delirantes como a ida de professores para os tribunais, desconcentração circence de algumas Secretarias de Estado; duplicação do número de guarda-costas em relação ao anterior Primeiro-Ministro e generalização despesista de polícias e seguranças pelos diversos ministérios;
- Tragédias sucessivas no combate e prevenção de incêndios, em parte devidas ao desinvestimento em limpeza de matas, vigilância e coordenação de meios; aumento do número de mortes nas praias, acompanhado dos cortes orçamentais na vigilância das mesmas;
- Insistência na construção do Túnel do Marquês, «contra ventos e marés», desprezando os pareceres técnicos e dispensando a elaboração de um estudo de impacto ambiental;
- Tentativas de ingerência na RTP, na Assembleia Geral da CGD, na TAP, Cruz Vermelha Portuguesa, etc.;
- Agravamento inclassificável nas contas municipais da capital, seguido de desresponsabilização;
- Filosofia de miséria na RTP, levando o serviço público à quase morte, apenas adiada pela mobilização de jornalistas e sociedade civil;
- Expectativas de aumento do interesse dos cidadãos pela política, mobilizados para correr com o actual governo (o desinteresse, Sr. Rogeiro, é transversal às várias democracias, como o Sr. bem sabe, mas escamoteia);
- Tentativa dissimulada de calar comentadores políticos incómodos;
- Deserção imperdoável de um Primeiro-Ministro mandatado por 4 anos pelo povo português, após a derrota nas eleições europeias;
- Estado geral de guerra civil dentro do Governo (com sucessivas apunhaladas), demissão de ministros, vítimas de traições e intrigas palacianas.


Enfim, nada disto foi um sonho… E a minha memória não é, decididamente tão boa como a de Nuno Rogeiro.


«Não penses muito que te cansas» (ARV) Filantropo alentejano e contas não são o meu forte.

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