28 de fevereiro de 2005

O Portugal boçal de Saldanha Sanches

É este o mais fiel retrato da boçalidade e mesquinhez do Portugal pequenino e atrasado. Pode se encontrado numa entrevista irresponsável (como tantas outras) do fiscalista Saldanha Sanches.

É lamentável o conteúdo da entrevista, lamentável a defesa do mais profundo, aberrante e retrógrado conservadorismo, da mais desviada noção de desenvolvimento económico e equilíbrio social de um país, e revelador da atitude mais nociva a qualquer ideia de integração, da qual, a União Europeia é o principal garante.

Também importa lembrar ao Sr. Sanches, que é também do litoral a maior fatia de responsabilidade do desordenamento do território, do desrespeito pelas normas ambientais e pelo mais que previsível desrespeito pelo Protocolo de Quioto, assim como o esvaziamento do interior que ele despreza de modo tão rude.
Desafio igualmente o Sr. Sanches a levar as suas suspeitas ao Ministério Público e as sustente com provas. Caso o já tenha feito, nesse caso, é perfeitamente claro qual o seu grau de respeito pelas instituições democráticas, em particular pelo segredo de justiça; ele, um arauto da democracia e da justiça em Portugal.

1 comentário:

ARV disse...

Com certeza que sim. Mas pelo menos, a ANMP está a usar os meios legais, coisa que um fiscalista aparentemente não faz.

Não está em causa se é ou não verdade, porque até ter transitado em julgado, qualquer «facto» não passa de um rumor, como todos bem sabemos.

Pessoalmente, não alinho muito pelo diapasão dos ditados populares do género «não há fumo sem fogo». No entanto, admito que possam existir situações menos claras para além daquelas que já foram dadas como provadas em escassos julgamentos a envolver autarcas.

No entanto, meter milhares de autarcas dos 308 municípios (já sem contar com os das freguesias) todos no mesmo saco... Parece-me exagerado e pouco responsável.

Por outro lado, se Sanches tem problemas com autarcas, então sugiro que se preocupe com as regiões do litoral, onde evidentemente a especulação imobiliária e a necessidade de assegurar terrenos é bastante superior, em regra, às regiões do interior. E não há melhor sintoma do que assistir aos sucessivos atropelos urbanisticos que existem, sem excepção, no litoral, e com ou sem PDM.