25 de abril de 2005

25 de Abril de 1974



31 ANOS

Passados 31 anos sobre esse marco histórico que consagrou liberdades, direitos e um regime democratico constitucional, ainda não é possível medir em toda a sua extensão o impacto que teve e terá na vida dos portugueses.

Se olharmos retrospectivamente as mudanças, notamos com satisfação como a vida dos portugueses mudou substancialmente para melhor e como a própria idiossincrasia nacional tende a esboçar uma leve superação do quadro tradicional hierárquico, miserabilista, fatalista e apático. Outras mudanças ocorreram, ditadas em grande parte pela própria dinâmica das sociedades contemporâneas, urbanas e industriais. Em relação a essas é frequente ouvir os lamentos saudosistas de alguns que confundem aquelas dinâmicas (transversais a todas as sociedades no mesmo «estádio evolutivo»), com a defesa da autoridade do Estado e do padre, e do Cabo da GNR e da paulada, também.

Relativamente a esse último aspecto, basta observar como o Bloco de Leste foi sendo «esfarrapadamente» contido até chegar a um ponto em que tal não era mais possível. Do lado de lá da cortina, as pessoas não estavam a dormir. A questão chinesa e a norte coreana são bem mais complexas, do ponto de vista cultural e até geográfico.

Mas, passados 31 anos após o 25 de Abril de 1974, é impressionante constatar a sobrevivência de grupos de indivíduos que continuam a legitimar todas as suas acções e comportamentos (independentemente da sua razoabilidade), à sombra de Abril e daquilo que este acontecimento não foi, não é nem nunca será.

Da mesma forma como subsistem laivos da soberba e «superioridade» presente nessas pseudo-elites cujo status quo foi posto em causa, nalguns casos, esventrado. As mesmas que não suportam o novo-riquismo, as mesmas que refulgem venenosamente com expressões do tipo «hoje, já qualquer pé rapado tem um bom carro».

É apenas da democracia que se trata! Mais do que um projecto político, a democracia tem que se afirmar como uma concretização social, económica e até ambiental. É apenas isso que se celebra, com a mesma satisfação pelo grosso dos portugueses.

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