11 de abril de 2005

Até amanhã camaradas…

Sexta-Feira – Pombal – Congresso do PSD

No seu discurso ainda enquanto Presidente do PSD, Santana voltou a disparar na tradicional lamuria em todas as direcções, com a apresentação do seu «mini relatório».

Uma vez mais, escamoteou os seus fracassos individuais, remetendo-os para a fraternal figura colectiva do partido que tudo absorve, procurando a redenção com desculpas esfarrapadas junto das «bases» mais saloias, que sempre lhe deram «colo» em congressos como este.
E isso é evidente quando se põe ironicamente a estabelecer paralelismos sobre o que seria se por exemplo, no programa Quadratura do Círculo (SIC Notícias), António Magalhães do PS não defendesse o seu partido e se dedicasse mais a atirar-lhe farpas constantes; ou se por exemplo, Mário Soares afirmasse sobre o PS aquilo que Cavaco e Freitas denunciaram.

Confesso que nunca lidei muito bem com essa história dos grupos e do «assim governamo-nos a todos» e toda essa panóplia de mecanismos que fomentam a diminuição da responsabilidade, sentido crítico e individualidade, em detrimento de um partido, da verdade universal e inquestionável ou do Absoluto.

Ora, o que Santana Lopes parece não compreender é que a figura tutelar do partido não pode servir para mascarar os imensos podres que pululam e alastram pelas suas vísceras, ocultando-os na cumplicidade do aparelho e arremessando-os entre dois assobios para o lado, sem fazer mira mas à espera que atinjam um qualquer incauto.

Neste assombro de desfaçatez, desembaraça-se da responsabilidade como se a sua hecatombe se devesse ao desvario arbitrário de inúmeras facas afiadas que sem norte nem justiça se abateram sobre a sua couraça.

É suficientemente revelador: mesmo no fundo do lamaçal alimentado por si ao longo de séculos, Santana não revela seriedade, sobriedade e honestidade para admitir e encaixar os efeitos da sua acção desmazelada, procurando remetê-los para uma entidade que oscila entre a metafísica intangível e a inimizade visceral somente com paralelo no eixo do mal.
E assim, despediu-se com um «até amanhã» bastante previsível porque, bem vistas as coisas, quem é que lhe daria emprego num mundo afastado da política?

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