4 de junho de 2005

Do lodo ao lamaçal

Apesar da bondade e coragem das recentes medidas anunciadas pelo governo para enfrentar o colapso financeiro, temo que algumas delas (como o corte em privilégios na assistência de saúde da ADMG, ADSE, reformas dos políticos, etc), não passem de medidas populistas sem posterior expressão a não ser a de uma profunda hiprocrisia pré-eleitoral.
A esse respeito, o anúncio do tão famoso Plano Tecnológico para Outubro é paradigmática daquilo que é o fazer política mais pequeno e mesquinho que nos é dado a observar. Muito pequeno, mesmo.
Entretanto, este mesmo Governo parece não compreender nem ter capacidade em ler para além dos critérios e fórmulas de aplicação políticamente mais fáceis da macroeconomia - erro sistemático de alguns técnicos sem visão de conjunto - quando se prepara para seguir as falaciosas pisadas do governo anterior. É que o aumento em 2 pontos percentuais do IVA tem custos que por vezes não são mensurados.
Não se trata apenas dos custos sociais, pela injustiça da medida. É que do alto do confortável poleiro nem sequer poderá haver uma noção aproximada do que é sobreviver com um ordenado mínimo. Para que se tenha uma ideia, na Administração Local de que tantos falam com desdém e total ignorância, aproximadamente 40% dos funcionários e colaboradores pertencem à categoria de Auxiliar, e destes, a maioria auferindo entre 374,70€ e pouco mais de 555€.
Depois há os custos relacionados com a própria dinâmica económica actual, cuja produção de bens ou serviços está directamente ligada e intimamente dependente do consumo.
Mas deixo essa discussão para os nossos insignes economistas.

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