26 de janeiro de 2006

São Voltas e Voltas, Sem Parar...

Há aproximadamente um mês, no dia 30 de Dezembro, fui abordado por uma patrulha da Brigada de Trânsito. Não me fazendo acompanhar - por lapso - dos documentos da seguradora, habilitava-me a uma penalização de 500 €, pelo que teria 10 dias para apresentar os documentos no destacamento da BT em Évora. No dia seguinte, desloquei-me zelosamente à Av. Barahona, a fim de apresentar os documentos em falta.

Nestas circunstâncias, apesar de me escapar aos 500 €, não me escaparia a uma coima de 30 € por não me fazer acompanhar dos documentos. Reservo-me o direito de discordar mas compreendo que o Estado tem necessidade destes subterfúgios para se financiar e viabilizar financeiramente as forças de segurança.

Mas o que aborrece verdadeiramente é receber agora o triplicado de Auto de Contra-Ordenação e uma Notificação. Para além da morosidade de processos simples como este, que andam a ser mastigados e remoídos, poder-se-ia poupar 30 cêntimos por cada carta enviada; quando na realidade me poderia ter sido entregue em mão.
O peso da administração burocrática do Estado apresenta inúmeras e reconhecidas ineficiências mas também custos perfeitamente injustificáveis. Entretanto, há uma enorme quantidade de agentes da BT-GNR encafuados em secretarias a remoer com processos intermináveis enquanto se gastam anualmente avultadas verbas com formação de novos agentes. A formação de um agente de qualquer força de segurança é incomparável com a formação de um administrativo civil.

Agora, multiplique-se estas ineficácias e custos (directos e indirectos) pelas restantes polícias, pelo Ministério Público, pelas centenas de tribunais, pelos hospitais e centros de saúde, pelas escolas, câmaras municipais, institutos públicos, comissões, centros de segurança social, finanças, etc., etc.

Mas isto são somente umas cartas... contabilize-se todo o género de despesas e gastos supérfluos de funcionários menos zelosos e de muita gente que não tem o que fazer durante o dia. Mas diariamente há novos administradores, adjuntos e consultores nomeados, diariamente há novos ocupantes de cargos intermédios designados por partidos políticos ou pelo marido da irmã do cunhado. Há gente a mais, há instituições a mais, com competências sobrepostas. Há má organização ou não há organização de todo. Contudo, não me restam muitas dúvidas que o tumor se concentra na cabeça e é daí que alastra ao resto do corpo.

O Estado está gordo! Ineficaz e gastador, o Estado reflecte as decisões dos políticos que ao longo de décadas e décadas nos têm (des) governado. Consomem-se recursos abusivamente e paga-se pela incapacidade do Estado em solucionar os problemas dos cidadãos, célere e desinteressadamente. Há um enorme verme alimentado por clientelismos, por nepotismos característicos de países terceiro-mundistas, dominados por pequenos tiranos. Assim são os nossos políticos. É tempo de mudar!



PS: a insistência na generalização de classes profissionais e do Estado como um todo, não é casual, embora reconheçamos as distinções existentes.

Sem comentários: