13 de fevereiro de 2006

Cartoons de Maomé II




Nem de propósito. "Munich" revela em toda a linha o absurdo e irracional equívoco civilizacional, ao retratar a escalada de violência e incompreensão geradas por dois mundos antagónicos e em simultâneo, cúmplices.

Para além das virtudes cinéfilas do filme, é demonstrado em termos simbólicos como o Homem é por vezes incapaz de superar a sua condição de animal cioso e territorial. De ambos os lados da barricada, alguns pressupostos culturais (a religião, a ideia de pátria) sobrepõem-se fatalmente à concórdia que acarreta a concepção de humanidade, enquanto unidade portadora de características comuns e interdependentes: estamos todos no mesmo barco...

Se, por um lado, a sociedade ocidental se arroga do direito de ser a guardiã dos direitos e valores democráticos, procurando universalizar aquilo que o não é (e.g. Declaração Universal dos Direitos do Homem), o mundo islâmico recusa aqueles pressupostos e a ingerência, contra-atacando com a tentativa de universalização das suas concepções dogmáticas. Estamos a tratar de uma imposição de cosmovisões, logo, de atitudes dificilmente compatíveis com liberdade de pensamento, tolerância e respeito mútuo.

“Munich” põe em evidência a angustia e o paradoxo de uma luta contra a dignidade humana, contra a solidariedade e boa convivência, recordando ao mundo ocidental o engulho da eterna responsabilidade sobre o Holocausto, aos judeus a sua escassa memória e aos muçulmanos, a promiscuidade teocrática.

A análise feita por João Cândido da Silva, no Público de Sábado, a respeito da leviandade de Freitas do Amaral, sintetiza de algum modo o grave paradoxo: “Freitas do Amaral caiu no grave equivoco de confundir o legítimo direito à indignação de quem se sente ofendido com os intuitos totalitários de quem, a partir do mundo islâmico, visa impor o fundamentalismo religioso e os seus dogmas sobre uma vasta comunidade que verteu sangue, suor e lágrimas para se livrar de regimes ferozmente totalitários”.

Episódios como o de Munich e todo o esquema de eliminações mais ou menos selectivas alimentam-se de si próprios. Nesse caso, para quê tentar conciliar o inconciliável? Judeus e muçulmanos abusam historicamente do mesmo subterfúgio, a comiseração intolerável e fastidiosa. Que se matem uns aos outros mas de preferência, que o façam na sua preciosa e sagrada terra. Certamente serão mais felizes em definhamento mas mártires, santos e o raio que os parta.

1 comentário:

Anónimo disse...

Amen!!