21 de abril de 2006

Abanão «Tecnológico»

Aparentemente, a generalização do ensino de inglês no 1º Ciclo é uma das medidas estruturantes do Plano Tecnológico, um intenso rascunhado de inovação e qualificação, conceitos portugueses para definir algo tão vago quanto mirabolante. A inovação e qualificação dos portugueses procedem assim da antecipação do domínio de uma língua estrangeira, alguns anos antes do habitual (10 anos de idade, com a entrada no 2º Ciclo). Um passo decerto importante, dada a incapacidade de muitos nós em trautear uma música em inglês, pronunciar site ou até mesmo mandar o outro às urtigas… sempre na língua de Shakespeare. O caso espanhol é paradigmático, no que respeita a concomitância de desenvolvimento económico e domínio de idiomas: há quem fale castelhano, catalão e ainda faça uma perninha no basco. Notável...

Na verdade, surpreende verdadeiramente quando se constata que indivíduos como Sócrates se conseguem exprimir com relativa fluência em dois ou três idiomas estrangeiros. Tudo porque começaram somente aos 10. Sem embargo, alguns delatores deste programa de regime sustentam com toleima, à luz dos seus arrazoados pedagógicos, que a “aprendizagem de uma 2ª língua [pode ser susceptível de] bloquear e não permitir consolidar a aprendizagem da língua materna”. Não é pacífico. Mas agora é que é, quando toda a gente falar estultamente o inglês sem continuar a perceber muito bem para que raio serve isso...

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