9 de agosto de 2006

A Multicausalidade Provável dos Fogos

Segundo António Costa, o ministro-operacional da Administração Interna, “a maioria dos fogos é causada por negligência” e apenas 5% resultarão de acções criminosas com dolo. Com certeza não discutiremos estes números, pois resultarão da «rigorosa» análise conjunta entre ministério e Polícia Judiciária.

Contudo, seria interessante que o Sr. Ministro discriminasse uma matriz de análise com as seguintes variáveis: quantidade de fogos por semanas e localização exacta, temperaturas médias e causa provável do fogo. Em todo o caso, não assumindo os reacendimentos como foco de incêndio, muito útil para efeitos estatísticos.
A quantidade de área ardida é neste caso potencialmente dispensável porque a dimensão dos fogos depende directamente das condições climatéricas, acidentado dos terrenos, material combustível, tempo de reacção dos bombeiros, existência de equipas de vigilância, etc.
As outras variáveis que permitem aferir qual a causa provável do fogo, essas, são do domínio exclusivo da investigação criminal.

Mas talvez essa clarificação permitisse que a população portuguesa tivesse a oportunidade de confirmar e assumir duas questões essenciais: a primeira diz respeito à generalização abusiva da atribuição das causas a motivos económicos ou meramente pirómanos (fogo posto), ao passo que a segunda, liga-se à interiorização de que todos somos potencialmente pirómanos ao não limpar matas, entulhar lixo ou contribuir indirectamente para isso, ao despejar foguetes por toda a parte, ao não nos certificarmos que o cigarro está apagado, ao fazer fogueiras em autênticos barris de pólvora, ao trabalhar com maquinaria susceptível de originar faísca, etc.

Entretanto, a Serra d’Ossa está novamente a arder. Será um reacendimento ou um novo incêndio? Duas compactas colunas de fumo negro, separadas por uma dezena de Km.

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