3 de agosto de 2006

Será a Memória um Argumento?

Perante uma sequência de abomináveis abusos, terror e um somatório de infelizes desenlaces no médio oriente, processo degenerativo no ponto de vista da evolução humana e do desenvolvimento civilizacional, que se arrasta há mais de 4 décadas, justificar-se-á eventualmente fazer um apelo à memória.

Nesse caso, será que os israelitas ainda se lembram que 3 dos seus bravos soldados se encontram sequestrados por árabes? Será o pretenso motivo da morte de milhares de libaneses e israelitas, um aspecto minimamente relevante at this moment? Ou apenas aquilo que se poderá designar por cegueira estratégica?

Será que os árabes se recordam por que motivo estão enclausurados milhares de «irmãos» em prisões israelitas?
Será que os israelitas se lembram dos milénios em que andaram errantes por esse mundo fora, permanecendo párias e escorraçados de toda a parte?
Será que os árabes e em particular os egípcios se recordam de ter nacionalizado o canal do Suez, dando origem à guerra com os israelitas em 1956?
Será que os israelitas se recordam de quem iniciou as hostilidades em 1967 na Guerra dos 6 Dias (sabendo que dias antes os árabes haviam mobilizado numerosos contingentes militares para as linhas de fronteira), favorecendo o clima de animosidade e a emergência de governos árabes cada vez mais hostis?
Será que as antigas potências colonizadoras se lembram da forma obtusa que levou à criação do Estado de Israel?
Será que a comunidade internacional se lembra de todas as resoluções da ONU desrespeitadas por Israel e pelo seu comparsa americano?

Será que os judeus se lembram de um tipo profundamente irritante que liderou a Alemanha Nazi e dos seus diabólicos planos?...

Será que fragmentos da memória são argumentos válidos para devolver humanidade e justiça onde prevalece o egoísmo, a ausência de escrúpulos e a selvajaria encapuçada por concepções religiosas guerreiras e de cariz expansionista?
Será que vale a pena qualquer tipo de preocupação com o lodo geral das coisas?

1 comentário:

Anónimo disse...

A memória é sempre um argumento quando colocada no caminho da prossecução do fim humanitário.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o produto de muitas memórias e em si própria o maior de todos os argumentos.

Porém, nesta insípida fase da Existência da Humanidade, em que os instrumentos para o Bem estão já todos teorizados, em que tanta gente sabe já o que fazer, como fazer e porque fazer, vive-se na simultaneidade da relatividade do individualismo, da Liberdade dos povos, do Laissez-Faire e da vivência despreocupada em que se pensa: "Isto não é certo mas, porque seremos então os únicos a fazer o certo? Até quando? Para quê?" "Será que vale a pena qualquer preocupação com o lodo geral das coisas?"

A Teoria acaba por definhar nos braços da Prática não existencialista.

E assim se deixam de executar revoluções idealistas e assim se vão deixando morrer mentes brilhantes e assim nos perdemos e deixamos os outros se perderem do óbvio e já identificado caminho da verdadeira Liberdade do Indivíduo e dos Povos - A PAZ, o AMOR e o respeito ao PRÒXIMO - todos os que vivem e respiram.

Cumprimentos Filosóficos