17 de outubro de 2006

à tout propos (240)

É difícil encontrar personagem mais boçal neste país que esse tal fiscalista Saldanha Sanches.
Então não é que o sujeito tem o desplante de afirmar com todo aquele frenesim delirante que o caracteriza, que os municípios não têm maior poder tributário porque os autarcas não querem ter o ónus da responsabilidade na gestão de receitas fiscais perante os seus eleitores (programa Prós & Contras de 16 de Outubro)?
O homenzinho vive alheado da realidade [não é novidade] pois desde que a Administração Central do Estado decidiu demitir-se consecutivamente das suas responsabilidades, não existe outra bandeira agitada pelas autarquias.
A título de exemplo, talvez seja bom recordar a briga que foi conseguir que as receitas provenientes da derrama sobre o IRC considerassem o local onde as filiais das empresas estão instaladas e não as suas sedes (casos de bancos e de grandes empresas, casos também de imensas empresas sedeadas em offshores).
Acontece, e isso o homenzinho não explicou, que os municípios são bem mais eficientes que a Administração Central. Acontece igualmente que, se a Administração Central perdesse poder tributário, toda essa corja de chulos, boys, incompetentes e oportunistas que, como ele, vivem na penumbra do Estado, iriam para o olho da rua ou veriam os seus rendimentos substancialmente reduzidos.
taqueopariu...

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu gostei particularmente dos argumentos do autarca de Ílhavo a dizer que o betão é necessário para construir equipamentos. Até aí tudo bem, um gajo pensa: sim ok, são necessários certos equipamentos para dar qualidade de vida às populações. Ele esqueceu-se foi de falar do outro betão que faz precisamente o trabalho inverso do "betão filantrópico" que referiu, ou seja, o caos urbanístico que retira qualidade de vida às populações. E basta correr o país de Norte a Sul, para uma pessoa questionar-se quase sem excepções: "ou os autarcas deste país são todos burros, esquizofrénicos e incompetentes ou então são uma cambada de corruptos". Se este foi o grande trabalho em prol do desenvolvimento do país nos últimos 30 anos, por mim, o Saldanha Sanches não é boçal, é simplesmente lúcido e diz o que não convém a muita gente ouvir.

o Saldanha Sanches é boçal na medida em que as palavras dele abalam aquele status quo vigente que interessa a tanta gente manter, afinal, há muita clientela e família votante a nível local para alimentar. E não me venham com argumentos que nos munícipios do interior não há tanta descaracterização da paisagem urbana porque se as populações se concentrassem aí como no litoral a receita teria sido a mesma.


O comentário fugiu um pouco ao conteúdo do post, mas não posso estar mais em desacordo com a primeira afirmação que fizeste o que, certamente, não faz de mim boçal, pois apenas estou a expressar uma opinião, mesmo que esta seja boçal, pois não é uma opinião que faz de um sujeito o aglomerado das suas opiniões.