19 de novembro de 2006

19 de Novembro




"Meu amor perdido, não te choro mais, que eu não te perdi!
Porque posso perder-te na rua, mas não posso perder-te no ser,
Que o ser é o mesmo em ti e em mim.

Muito é ausência, nada é perda!
Todos os mortos - gente, dias, desejos,
Amores, ódios, dores, alegrias -
Todos estão apenas em outro continente...
Chegará a vez de eu partir e ir vê-los.
De se reunir a família e os amantes e os amigos
Em abstracto, em real, em perfeito
Em definitivo e divino.

Reunir-me-ei em vida e em morte
Aos sonhos que não realizei
Darei os beijos nunca dados,
Receberei os sorrisos, que me negaram,
Terei em forma de alegria as dores que tive..."

Álvaro de Campos

4 comentários:

Anónimo disse...

um abraço. bicho.

Anónimo disse...

um beijo e um abraço apertado. ana

Anónimo disse...

""

licínia disse...

Para os crentes este poema teria um só título: A Comunhão dos Santos. Mas também os não crentes pensam a eternidade; é a assunção da sua existência. Contudo a caminhada tem um tempo próprio, um pulsar...
Um abraço,