7 de dezembro de 2006

Decisão a Aplaudir. Com Encore, sff

Quando a comissão temporária do Parlamento Europeu que investiga as actividades da CIA, liderada pelo eurodeputado Carlos Coelho, entrou no Parlamento português para reunir com os deputados do tugúrio luso, deparou-se com um obstáculo insólito. O desértico e multifuncional complexo de edifícios (exposições, lutas intestinas, teatro, corridas de caracóis, passerelle, covil, etc.), não dispunha de uma sala vaga para a tão anelada reunião.

O mestre-sala (PSD) ter-se-á atrasado na impreterível requisição da sala do Senado, cujo processo de requisição (composto por 20 dossiers de justificações, solicitações, termos de responsabilidade, despachos ministeriais, cartas de referência de todos os ex-presidentes da Assembleia da República e pareceres dos bombeiros, PSP, senhora da limpeza e Circo Cardinal), deveria ter dado entrada nos serviços com 135 dias de antecedência (se for numa Quarta-Feira. Se for numa Sexta à noite, são 278 dias. Se for ao Domingo de manhã, a sala está aberta), em condições aceitáveis para o normal funcionamento das instituições democráticas.

Numa vã tentativa de mitigar os estragos e a enorme decepção por não poder mostrar a grandeza da sumptuosa sala aos eurodeputados, o PSD decidiu unilateralmente oprimir os mansos deputados do CDS-PP, BE e PCP, realizando a reunião nas instalações do seu grupo parlamentar.

Blasfémia, heresia, terão vociferado os agredidos deputados do PS, muito naturalmente sentidos com tamanha afronta. Não se ficaram pelos ajustes e recusaram sequer entrar no corredor laranja. Foi desta forma admirável que os deputados do PS afirmaram e elevaram a enorme dignidade, autonomia e rectidão de princípios que os caracteriza.

Ninguém, em perfeito estado de sanidade mental tomaria outra decisão, altamente lesiva para o interesse nacional.

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