14 de dezembro de 2006

Brincar ao Quarto Escuro

O que é verdadeiramente interessante em alguns dos comentários produzidos no blog Mais Évora, é verificar a imensa gente descontente neste país, que não consente em calar as suas frustrações, as suas indignações e até a interiorização assimétrica de princípios e valores democráticos. Nuns casos, os seus ódios mais viscerais, também. As razões… humanas, claro está… Uns mais legítimos que outros, uns elaborados com mais acerto e outros ainda, reveladores de uma boçalidade confrangedora. Daquela que nos envergonha.

Mas sobretudo, observar a analogia com o trauma infantil, em recorrer a todos os subterfúgios para encobrir uma asneira. Numa relação de pecado com o produto da sua acção, o petiz é incapaz de assumir a responsabilidade e confessar o incidente aos pais ou amigos. O trauma original, talvez como resultado de décadas de repressão e condenação da verbalização de sentimentos e opiniões livres. O espectro da represália funciona como inibidor de identidade, descredibilizando irrevogavelmente o discurso produzido e gerador da hipocrisia que o acompanhará toda a vida.

Por conseguinte, bem encoberta a asneira, o puto assanha-se e torna-se capaz das maiores cobardias, como acusar o irmão que ele sabe estar inocente.
«Não me venhas com moralismos», dirá posteriormente ao irmão para se justificar...

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