Não é o serviço público (de acesso universal) nem a deontologia médica que movem os médicos. Para Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, é a remuneração salarial que os estimula a permanecer ou abandonar o SNS (serviço nacional de saúde). Não vou discutir. Quem sabe da tenda é o tendeiro... Os restantes profissionais públicos sobrevivem com as míseras remunerações que auferem. Mas mais uma vez, quem sabe da tenda é o tendeiro...
Talvez fosse útil não esquecer que as casas não se fazem sem pedreiro, que os projectos de estabilidade não se fazem sem engenheiro, que a higiene pública não se atinge sem o cantoneiro, que a segurança não existe sem o polícia e por aí sem termo...
Claro que o despacho do Sr. Ministro vai ter efeitos perversos e imediatos, pois no momento da decisão, os profissionais com cargos de coordenação vão, quase invariavelmente, optar pelas boas remunerações do privado. O mesmo se passa com os bons técnicos de som e imagem, por exemplo, cujas carreiras na Administração Pública são anedóticas.
As funções de responsabilidade e a excelência devem-se fazer pagar diferentemente, mas não a responsabilidade, o espírito de missão, a seriedade e honestidade. Nem a todo o custo.
Há limites e princípios. Quando a saúde for apenas entendida como um negócio, que se institucionalize definitivamente o roubo.
Mas uma vez mais... quem sabe da tenda é o tendeiro...
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