8 de fevereiro de 2007

O Grande Lago Imenso

Cinco anos após a descida das enormes estruturas metálicas sobre o maciço de betão erguido em Alqueva, um monstrinho de água poluta e estagnada ali se aninhou, agigantando a sua informe massa na medida da voragem de terras aráveis, montado e explorações agro-pecuárias. Meia dúzia de anos após a hostilidade com que ambientalistas e outros cidadãos preocupados foram recebidos e apupados pelas populações locais, meia dúzia de anos depois de meio país ter receado por mais uma elefantada à portuguesa, diz-se por aí, os alentejanos estão descontentes.

Estão descontentes, diz-se também, porque o El Dorado com que sonharam, não passa afinal de mais uma forma de os pôr a vergar a mola. Bem ou mal pensada. Entretanto, lá se vão defendendo com as tradicionais deslealdades e manhosices dos espanhóis que invadiram a tão amada pátria. Lá se vão justificando também com as desfeitas de governos desinteressados.

Apesar do erro ambiental, Alqueva poderia efectivamente via a ser um projecto multivariado: turístico, agrícola, hidroeléctrico, de interesse estratégico em termos de reservas hídricas, etc. Mas não é nada. Ou é muito pouco. Excepção feita à especulação imobiliária e à panaceia do turismo de elites…

Mas não foi por falta de aviso. Fosse por técnicos do ministério da Saúde alertando para a fraca qualidade da água, fosse por economistas preocupados pela viabilidade económica, por ambientalistas inconformados com o duro revés sofrido por ecossistemas frágeis, por agricultores descontentes e por milhares de cidadãos indignados com o processo de tomada de decisão política, ancorado numa visão etérea e populista de gabinetes com vista para o rio Tejo.
O retorno do investimento público (nacional e comunitário) está à vista... do hubble.

1 comentário:

Anónimo disse...

sem falar no nevoeiro..
;)