24 de maio de 2007

Um Deserto... Mental

O ministro das obras públicas tem um defeito. Não sabe estar calado. Mas é um homem de sorte. Em primeiro lugar, porque não tem como chefe a Directora Regional de Educação do Norte mas sim o próprio primeiro-ministro, sobre o qual está à vontade para zombar (pois não está inscrito na Ordem dos Engenheiros e é um desgraçado que veio dos campos de algodão para a grande capital). Em segundo lugar, porque não vive no deserto, onde há sempre muitos e terríficos perigos à espreita.

Por seu turno, o Presidente do PS, Almeida Santos, é um assombro. Desdramatizou as declarações infelizes do ministro mas lá veio recordando, numa lógica de causalidade directa, que construir o novo aeroporto de Lisboa na margem sul do Tejo leva à construção de uma ponte e, como se sabe, as pontes são uma grande guloseima para o terrorismo internacional, o qual se tem fartado de desenvolver atentados em Portugal.
Na minha humilde condição de calceteiro de alto mar, proponho que, antes que as bombas venham, impludamos a Ponte 25 de Abril, a Ponte Vasco da Gama, as pontes Dona Maria, D. Luís, Arrábida, Salgueiro Maia, Europa e todas as pontes que ligam Portugal a Espanha.
Assim, sozinhos e às escuras, veremos finalmente no aeroporto de Lisboa (na Ota), a grande ponte que nos liga ao mundo, a grande luz da nação.

Alguém que desdramatize as declarações senis de Almeida Santos.

PS: já agora, que sejam os lisboetas a pagar o mamarracho, que o construam na rotunda do Marquês de Pombal e que deixem o deserto em paz.

1 comentário:

Anónimo disse...

Otas e 'otos' que tais…

Julgo que os dirigentes que delinearam os famigerados planos para que Portugal saia dos sucessivos desertos, pântanos, pradarias, e tundras em que se encontra desde o ano 100 a.C. não querem realmente resolver “o problema”. Antes, “eles” vivem, alimentam-se, do problema e das suas metástases. O campo em que se jogam as decisões que poderiam, eventualmente, resolver “o problema” é demasiado permeável aos interesses de classes sem escrúpulos, sedentas de poder e protagonismo. Há demasiados feudos, e gate-keepers desses feudos, que empancam o sistema, aproveitam-se dele a qualquer preço, isso é gravíssimo. São trepadores, gente sem escrúpulos, que quer alcançar o poder, e exerce-lo – apenas pelo poder – encaram-no como um fim em si mesmo (é preciso poder para ter visibilidade e protagonismo). O maior “problema”, e isso é assustador, é que a sede de poder daqueles a quem me refiro é de tal maneira maléfica que não possui qualquer ideia construtiva ou estruturante por detrás que se relacione com o “bem-comum”, funda-se apenas no hedonismo e no egoísmo. Isso é triste, mau, e observa-se neste país.

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