31 de agosto de 2007

Efemérides

Para quem não sabe, Charles Baudelaire desapareceu há 140 anos, precisamente 130 anos antes de Diana Spencer. Desconhecido crítico e poeta francês, Baudelaire escreveu, entre outras coisas de somenos importância, Les Fleurs du Mal. Mas foi só isso, portanto: uma flatulência. Nada que se compare com os maravilhosos e inolvidáveis feitos da benemérita, filantropa, nobre e santa Diana, a rainha do povo que, entre anéis de 200 mil euros e uma vida de luxúria à conta do contribuinte inglês e dos media, se espatifou contra um pilar num túnel de Paris, em plena campanha contra a proliferação de minas anti-pessoal. Mas permanece no nosso coração, como uma singela chama numa velinha a lutar contra o vento.

O que esperará para o seu post-mortem, o esforçado mas ignoto cientista que descobre um tratamento contra uma patologia brutalmente mortífera como a malária? – No mínimo, um planeta do sistema solar rebaptizado com o seu nome.

Entretanto, não percebo por que razão não marcou presença o executivo português nas honrarias inglesas: afinal, Diana era tão-só a rainha do povo... estará o governo ainda melindrado com aquela falha imperdoável aquando das comemorações do centenário do nascimento de Miguel Torga?

Será que está tudo parvo? Será que o mundo foi assolado por uma embriaguez histérica e colectiva após a morte da senhora quando, só no Iraque, são assassinadas diariamente mais de 100 pessoas? quando, no Sudão há milhares de crianças a morrer à fome? quando, em todo o hemisfério sul (com especial incidência na África subsariana) doenças como a malária matam aos milhões? Quero lá saber em que condições se encontra a monarquia britânica. Isso é lá com eles, se acham bem prestar vassalagem a meia-dúzia de parasitas que reivindicam ter uma prega a mais no cú do que os outros. Putaqueospariuatodos

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