24 de setembro de 2007

Fait divers de uma geração à rasca

Quando Vicente Jorge Silva se referiu à geração dos nascidos entre finais da década de 60 e inícios da década de 70, como «geração rasca», jamais pressuporia que estaria na mira de um país em peso com tão infeliz afirmação. Ao fazê-lo, veio pôr em evidência as fragilidades da sua própria geração e das que a precedem, justamente por obrigar a dita «geração rasca» a viver no lodo criado e estimulado pelas antecessoras. As fiéis depositárias do poder, da moral pouco certeira e dos maus costumes que caberá aos rascas solucionar no futuro. Logo se vê...

Mas quando, muito justamente, nessa manobra de remissão colectiva que consistiu em apelidar afinal a referida geração de enrascada, eis que desponta a tropelia do costume ao dar o dito pelo não dito. O que aflige é afinal, constatar que nem sequer é verdadeiramente enrascada, porque, contrariamente às estatísticas invocadas, lá se vai anuindo com os maravilhosos cursos superiores que desdramatizam a realidade dos remediados e se exultam os exemplares casos de sucesso de uma minoria que singrou no mundinho dos pais. Tudo o resto são fait divers
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PS: a relação dos «casos» romantizados no artigo do semanário Visão, é inversamente proporcional às estatísticas: médicos TVI, actrizes TVI, autarcas e Secretários-de-estado?

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