17 de setembro de 2007

O Hino tem Vitaminas...


Quando o Sr. Júdice, José Luís, se referiu na sua semanal crónica opinativa da Antena 1 (Conselho Superior), à denodada forma como entoam A Portuguesa os rapazes que disputam um honroso último lugar do Campeonato do Mundo de Rugby, fê-lo sob a batuta pedagoga de quem acha que berrar o hino com as carótides a rebentar a epiderme, resolve os problemas do país e, quiçá, do mundo.

Nesse caso, advertimos nós, se os empregados são burros, trauteie o hino enquanto esfrega a secretária; se a evasão fiscal não diminui, cantarole o hino aos funcionários das finanças; se o seu marido lhe for infiel, sussurre-lhe o hino aos ouvidos antes de lhe amputar o orgulho masculino; se o cão lhe deixou um presente, convide-o a cantar o hino consigo; se a polícia lhe fizer o teste do álcool, ponha-se em sentido e chore o hino; e, por exemplo, se for vítima de assalto, berre o hino a plenos pulmões, de tal forma que o Portugal entre mais uma vez no Guiness Book of Records com a fantástica marca do hino mais audível do mundo.

Em suma, sempre que houver azar neste país, ponha-se a cantar o hino: desanuvia e dá vitaminas...

Já viu o que aqui arranjou, Sr. Júdice?

PS: O que nós precisamos é de gente a cantar o hino. Mas a cantá-lo bem: «nobre pooovo, nação valente» e não «nobre povonação valente». Sr. leitor(a), olhe, aproveite e cante o hino à moçoila da foto que não parece ser particularmente sensível à patriótica letra de A Portuguesa. Mas cante-lho bem, como se fosse a sua última vez...

4 comentários:

licínia disse...

Penso ter ouvido o mesmo espaço de opinião de que se fala neste post e o entendimento que me pareceu querer dar o Sr. Júdice foi um pouco diferente: precisamos de gente com a garra daqueles jovens amadores, dando assim a bufetada aos jovens milionários profissionais do futebol...
ah! eu no lugar deles, aquando ao "aca" teria fugido dali!

Anónimo disse...

Não me lembro de ver Rosa Mota, Carlos Lopes, António Leitão, Rui Silva, Fernando Mamede, Francis Obikwelu, Nelson Évora, Fernanda Ribeiro, (atletismo), Telma Monteiro, Nuno Delgado (judo), Selecção de sub-20 em Riade e Lisboa, Sérgio Paulinho (ciclismo), Vanessa Fernandes (triatlo), selecção de hóquei em patins (sempre), Nuno Barreto e Hugo Rocha (vela), Gabriel Potra e Carlos Calado (paralímpicos), ou a selecção de futebol (3º lugar em 66, 2º em 2004, 4º em 2006), etc., a berrar o hino para ganhar títulos ou realizar excelentes performances.

ARV disse...

Para a posteridade, o "Aca" venceu "A Portuguesa" por larguissima vantagem. Os portugueses bateram-se com dignidade mas tinham diante de si a melhor equipa de rugby do mundo. Melhor porque tem tradição, é profissional, tem experiência e são-lhe dadas todas as condições financeiras e materiais, ao contrário da selecção portuguesa que, num misto de determinação e de acaso, conseguiu o feito de se apurar para um campeonato onde só compete a elite. Com mais ou menos empenho no hino, o desfecho seria inevitável.

Anónimo disse...

Com o dinheiro que cada um dos jovens futebolistas ganha, dava para pagar treinos e salários à equipa de rugby durante um ano. E nem foi preciso isso para irem ao mundial (algo em que o futebol só conseguiu voltar a participar vinte anos depois do mundial do México).

Mas de facto, não é pelo hino nem é cantar o hino com garra que traz resultados. Em qualquer competição, a garra é importante mas não é mais importante (nem de perto nem de longe) do que o treino, a inteligência, a atitude vencedora, o respeito pelo adversário e claro, o adversário.