9 de março de 2008

100 mil deram lição de democracia participativa

Fonte: RTP
A ministra da educação e este governo tiveram o dom de unir uma classe profissional tradicionalmente desunida, de provocar a maior manifestação de sempre do sector em tempos de desmobilização política da sociedade civil e, conseguiram pôr contra si uma classe que tem funcionado como uma importante base social de apoio do Partido Socialista.

Num sector onde as múltiplas reformas se confundem com o ministro que tutela o sector, massacrando docentes, alunos e pais, este governo não só decidiu encetar nova e inconsequente reforma, como determinou fazê-lo no melhor estilo de capataz colonialista.

Por todas estas reformas serem fantasiadas em gabinetes, por não serem produto do know-how pluridisciplinar de quem anda no terreno e por não terem tempo para dar frutos, temos um sistema de ensino que caminha a passos largos para a mais estouvada mediocridade. Há claros e inequívocos sintomas.

Como não fosse suficiente, adicione-se-lhe o miserável programa “Novas Oportunidades” em que se tornou o sistema de RVCC, a lógica de financiamento que determina a sobrevivência dos cursos superiores e pós-graduados gerando uma clientela que entende o ensino superior como um meio e não como um fim em si mesmo ou, ainda, a provinciana obsessão do governo em julgar que os diplomas são, por si só, fonte de conhecimento.

Quando instada a comentar a manifestação, a ministra considerou 100 mil pessoas um número irrelevante. Quanto a este ponto, é importante realçar que 100 mil pessoas representam 4% do eleitorado socialista nas legislativas de 2005 (resultado que não se repetirá em 2009) ou, se quisermos, os 34 deputados eleitos por CDS-PP, CDU e BE. 100 mil pessoas provenientes de um único sector profissional e num género de participação menos automática do que a eleitoral. Em segundo lugar, 100 mil pessoas são o quádruplo do efectivo das forças armadas portuguesas…

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