3 de março de 2008

Da optimização estratégica dos espaços culturais

Se o responsável pela programação da Arena d´Évora pretendesse promover naquele espaço um futuro festival de dressage, uma competição internacional de carrinhos telecomandados ou um encontro de novo circo, a coisa não teria contornos antecipadamente inglórios e funestos. Agora… um festival de jazz e blues? De qualidade?

Há coisas que, francamente, não compreendo. Em primeiro lugar, por que razão insistem as pessoas em produtos mais do que mastigados noutros locais, incluindo em cidades como Portalegre ou Estremoz? Esta teimosia só serve, a meu ver, para desarticular a estratégia de unidade que o Alentejo reivindica. Em segundo lugar, de Évora, espera-se uma liderança ousada mas não parasitária. Por outras palavras, espera-se que Évora saiba aproveitar as janelas de oportunidade, cujas portadas são abertas pelos ventos da criatividade e das não existências, de forma a apresentar produtos diferenciados, únicos e sustentáveis. Finalmente, a menos que o equipamento em causa venha a sofrer beneficiações acústicas ao nível do revestimentos ou da implementação de uma concha acústica gigante que envolva não só o palco como os espectadores, nem pensar em filigrana musical. Tal como foi recuperada, a Arena d’Évora tem que procurar alternativas que a dignifiquem e não enterrem prematuramente. Jazz e blues não são, definitivamente, a melhor opção.

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