5 de junho de 2008

A esquerda moderna da direita

Há 34 anos, não havia espaço político para a direita em Portugal. Para sobreviver, o Centro Democrático Social envergou a fatiota do centro ideológico. Caso contrário, era tudo fascista. Hoje, as coisas parecem ter-se invertido e essa esquerda moderna socratiana mais não é do que uma reminiscência do passado, agora novamente ensombrado com o terrível espectro da esquerda. Para aqueles socialistas dos três costados que lutaram pela democracia, o actual PS é mais conservador e liberal do que o CDS de Jacinto Lucas Pires e de Freitas do Amaral. Compreensivelmente. A esquerda moderna dos homens modernos parece vestir Gucci e comer salmão fumado com tâmaras e ananás, remetendo as questões sociais para o caixote dos fait divers. Na esquerda moderna não há lugar para choramingas, nem para homens de esquerda.

Manuel Alegre, poeta e choramingas, é um dos depositários daquela herança socialista. E representa uma enorme chatice porque tem uma base social de apoio suficientemente forte como para irritar Sócrates e o resto da sua trupe. Por isso é que os partidários da esquerda moderna já começaram com os insultos e as calúnias. Enquanto isso, a inflação não desce, os salários não a acompanham, a precariedade não diminui, as assimetrias não cessam de aumentar e o país não deixa de meter água por todos os lados, a esta hora já só com os olhos postos em Cristiano Ronaldo e em N. Sr.ª de Fátima.

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