17 de outubro de 2008

Olimpíadas da masturbação

Segundo um estudo do ICS, cerca de 40% dos jovens até aos 17 anos já iniciaram a sua vida sexual.

Este dado é, não só surpreendente como preocupante. No meu tempo, rapaz que dissesse não ter vida sexual aos 17 anos, corria sérios riscos de ser ostracizado para o resto da vida com aqueles risinhos trocistas ou com humilhantes fabulações do género: «lá vai o gajo que metia a pila no buraco do aspirador».

Em suma, o contributo das respostas masculinas seria o suficiente para igualar o rácio apresentado pelo ICS.

Depois, as miúdas. Determinações metafísicas inexplicadas pelo nosso entendimento determinavam que elas declarassem ter a sua virgindade intacta e, sempre que iniciavam novo namoro diziam muito pudicamente que com o Outro, nunca passaram a fronteira dos beijos e de uma ou outra mexida nas maminhas. Nada de marmelada grossa. Mas também haviam aquelas a quem eram perdoados todos os pecados…

O que era realmente extraordinário – do ponto de vista antropológico – eram as olimpíadas da masturbação. Tratava-se de uma coisa séria, organizada para treinar competências sexuais masculinas. Consistia fundamentalmente em dispor 4 ou 5 jovens (termo muito usado na altura, imortalizado por uma célebre frase «jovem, diz não à droga») sentados num sofá a exercitar a erecção dos seus pénis. Não era fácil porque exigia um grande controlo psicocomotor e perícia técnica. E às vezes, sem aquecimento prévio. Há quem diga que quem dominasse a respiração tinha a vitória assegurada. Outros, defendiam que o segredo estava em imaginar a irmã do Esteves a tomar duche no balneário depois de uma aula de ginástica.

Haviam duas competições: uma de velocidade e a outra de fundo. A primeira consagrava normalmente o mais rápido. O Ribeiro tinha o melhor tempo: uns assombrosos e polémicos 15 segundos porque ainda subsistem dúvidas sobre se a proporção de urina se sobrepunha à de sémen. Na outra competição, vencia aquele que, durante mais tempo, desse provas de maior disponibilidade sanguínea. Aí, era o Esteves o campeão. Talvez porque era o único a não imaginar a irmã nua. Mas as hérnias que tem hoje, ninguém lhas tira.

Haviam regras básicas e interditos. Um dos interditos relacionava-se com a presença de estranhos ao concurso. Por muito bizarro que possa parecer, às raparigas era completamente vedado o acesso. Hoje, acho essa regra infundada pois não estou certo se influenciaria o resultado final. A menos se fosse a irmã do Esteves. O mesmo se estendia, muito compreensivelmente, aos pais e irmãos. Apesar de tudo, na casa do Ribeiro tolerava-se a presença da avó. A ceguez, segundo nos dizia, era selada por uma surdez quase total. O aspecto inócuo da velha deixava-nos descansados e, de algum modo, aquela serenidade estimulava a nossa concentração.

Por fim, todos os concorrentes tinham que demonstrar estar aptos fisicamente para a exigência daquela competição, o que acontecia por volta dos 11, 12 anos com a fabulosa descoberta da verdadeira origem do requeijão. Prometemos nunca revelar o segredo a ninguém para não estragar o negócio do Sr. António da mercearia. Quando a prova era na minha casa, mandávamos o meu irmão mais novo passear o cão a troco de umas gomas e de uns cromos do Mundial.

Quanto às regras, coisas fundamentais como não olhar para o lado, ter sempre à mão algumas folhas de papel higiénico e não estimular outras zonas erógenas. Também era proibido tomar pau-de-cabinda. Mas como nunca ninguém conseguiu arranjar, essa regra ficou sem efeito. Havia uma regra que era sempre quebrada: antes da reunião, todos bebiam leite em casa.

Não sei ao certo quais as conclusões do estudo do ICS mas... naquilo que me diz respeito, acho que os miúdos de hoje são muito mais honestos do que nós.
Também nunca percebi porque é que o Esteves mandou aquele monumental bofetão ao Ribeiro.

7 comentários:

Anónimo disse...

já pensaste em perguntar-lhe. é que agora tambem fiquei curioso.

ARV disse...

A última vez que soube do Ribeiro estava no exército. O Esteves nunca toca nesse assunto mas parece-me que quebrou a regra de não olhar para o lado.

Anónimo disse...

"o senador democrata Barack Obama recebeu ontem uma importante declaração de apoio do general da reserva Colin Powell, ex-secretário de Estado do presidente George W. Bush"

Se Barack Obama recebe o apoio de Colin Powell, está visto, que fica tudo na mesma.
Os partidos são cada vez mais centrais, menos ideológicos, basicamente semelhante.
A América continuará na mesma, ganhe quem ganhar

Anónimo disse...

pá, isso de tar no exército é um bocadinho vago. a primeira pergunta é de que país. se for do nosso, já ajuda...mas mesmo assim...bom, não interessa. o que é importante é que o consigamos encontrar para que nos esclareça de viva voz qual o motivo de tão insidioso comportamento do, também alegre punheteiro, Ribeiro.

já agora, então o Ribeiro presta-se a uma sessão pública de onanismo colectivo e arreia uma real galheta no Esteves só porque ele olhou para o lado? naaa...acho exagerado....na terá porventura acontecido uma distribuição não desejada de fluido seminal?

Anónimo disse...

O Ribeiro levou uma bofetada, porque o apanhei a olhar para o lado: confirmei as minhas suspeitas ao analisar a sua imagem reflectida no televisor.

Anónimo disse...

ah, afinal quem levou a estalada foi o Ribeiro....já tava a confundir com o esteves...mas olha, se tu é que o viste a olhar para o lado, porque é que o Esteves é que foi o agressor? e mais, porque que é que, entre vós, a curiosidade era castigada pela aplicação da violência?

Anónimo disse...

havias de escrever tambem sobre as olimpiadas da menstruação!!!!!!!