21 de janeiro de 2009

...Saiu do sonho de King

Ontem, enquanto um era vaiado e a sua saída era objecto de descompressão um pouco por todo o mundo, o outro tremelicava ironicamente a fazer aquilo que o mesmo mundo se habituou a reconhecer: discursar.
Mas, numa época por vezes atenta em demasia aos pormenores mais superficiais, não houve melindre e desculpa-se o nervoso de Barack Obama no momento do juramento porque as expectativas são grandes e porque é sangue novo. Talvez as expectativas sejam insustentavelmente altas para uma boa parte do mundo que ontem exultou, imaginando que um homem sozinho tem poderes para acabar com a pobreza e a injustiça praticada pelos seus próprios governantes. E teria, se o cinismo, a hipocrisia e a ganância não integrassem a natureza humana. Nada que o povo desse mundo não saiba. Mas, de algum modo, Obama deu-lhe esperança.

À pergunta de José Saramago no seu caderno virtual "donde saiu este homem?", talvez possamos responder que saiu de um sonho, do sonho de Martin Luther King, contado em 28 de Agosto de 1963, também em Washington.

Contudo, ou não terá a vida fácil domesticamente ou, depressa aprenderá que os discursos fluidos invocando os valores e os princípios só devem ser proferidos entre amigos. Os próximos anos permitirão perceber se o engasganço de ontem veio ou não para ficar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Qual é mesmo a posição de Obama face a Gaza?