20 de abril de 2009

CDU apresenta Eduardo Luciano

Ontem, em cerimónia ocorrida do Teatro Garcia de Resende, a CDU apresentou a lista candidata às autárquicas 2009. Como se previa há já algum tempo e se dizia em surdina, Eduardo Luciano, advogado de 49 anos, será o cabeça de lista da CDU à câmara municipal. Abílio Fernandes repete a liderança de 2005 na corrida à assembleia municipal.

Há dias, escrevi que o PCP teria pela frente um duro desafio: o de apresentar um «desconhecido» aos eborenses porque, de facto, Eduardo Luciano não tem, por exemplo, o capital social de que gozava José Ernesto quando venceu Abílio Fernandes em 2001. José Ernesto tinha uma ampla base social de apoio maioritariamente construída durante anos no serviço de obstetrícia do Hospital Distrital de Évora.

Esta leitura pode ser liminarmente rejeitada pelos partidos políticos, para os quais é o capital do partido enquanto colectivo, assim como as conjunturas sociais e coincidência ideológica com os partidos de governo, que determinam a escolha dos eleitores.

Esses factores são fundamentais. Contudo, se inclusive nas eleições legislativas há uma personalização evidente da política, nas autárquicas essa personalização é ampliada. Aliás, ajuda a explicar as vitórias sucessivas de Abílio Fernandes apesar da viragem que a dada altura se verificou na eleição de deputados à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Évora. Abílio Fernandes adquiriu o estatuto de figura tutelar e paternal que os eleitores desejavam para a condução dos seus destinos.

Neste momento e perante as circunstâncias de enorme desgaste por que passa o actual executivo e os próprios partidos políticos, talvez a estratégia de ruptura do PCP tenha bons resultados: um desconhecido para deixar a ideia de renovação e aggiornamento. Mas também se pode ter dado o caso de não haver mais ninguém a apresentar e de todos os outros terem rejeitado o convite.

Para José Ernesto, a luta principal não se centra no exterior. O combate mais duro que José Ernesto tem pela frente, será travado no interior das suas próprias hostes e perante si próprio. Além disso, vê-se agora na posição em que se achava Abílio Fernandes em 2001: exigência de mudança, necessidade de afirmação da cidade, precariedade financeira do município, desgaste da governação.

Um bom presságio para os próximos capítulos pois a dramatização dos personagens principais é indubitavelmente mais rica do que a de há quatro anos atrás.

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