13 de abril de 2009

Nada de mini saias...

As finas regras de cuidado com o atavio e boa imagem, que os funcionários da Loja do Cidadão de Faro deverão respeitar constituíram, provavelmente, o acontecimento político de maior relevância na semana passada, logo a seguir às novelas da Quimonda, do Procurador da Justiça e à incessante verborreia da maioria dos políticos.

A coisa até podia não ser tão bizarra caso tivesse sido previamente estipulado que, aos postos de trabalho em causa, corresponde a obrigação de trajar de farda. Integralmente assegurada pela entidade empregadora, pois então.

Mas não, a coisa não é simples. Os ditos funcionários não só têm que receber lições de atavio e decoro (mas não de competência), como ainda se vêem na contingência de assegurar que «não passam das marcas» perante os concidadãos.

E quem define as marcas? A senhora secretária de estado da modernização administrativa? Francamente, causa-me menos náuseas cheirar um daqueles perfumes baratos de gente pobre com aroma patchouli do que ser atendido por uma fulana com as fronhas da mulher. Com o devido respeito pela fealdade da senhora. Que é realmente acentuada. Também não estou a ver nem de saias, quanto mais de mini-saias...

O paradoxo maior, sem dúvida: a obrigação de uma apresentação aburguesada e segundo os padrões de uns quantos… numa Loja do Cidadão. «Loja», bem entendido…
Como é de brincadeira atrasada de Carnaval que estamos a falar, nem sequer merece a pena puxar dos galões da liberdade nem daquilo que é razoável, do ponto de vista social.

2 comentários:

Anónimo disse...

E se um dia alguém decide que não se pode usar roupa de riscas? e calças de bombazine?

Será que algum dia vai ser obrigatório ir para o trabalho de gravata verde?

É absurdo o caminho que a sociedade portuguesa está a levar. e é uma coisa ali outra acolá, e que até parece de somenos importância, que nos vão restringindo liberdades.

ARV disse...

Antes de ontem ouvi uma entrevista do jornalista Fernando Dacosta ao «Pessoal e Instransmissível» da TSF, na qual foi dada uma perspectiva pouco habitual do conceito de liberdade e da convivência deste valor com os valores da igualdade e da segurança. E recorreu a essa diferença para justificar algumas das habituais tiradas produzidas por indivíduos de gerações pré-25 de Abril como a célebre «fazia cá falta um Salazar».

É afinal a liberdade um valor que préexiste ao valor da segurança? É compatível com a segurança?