16 de junho de 2009

Naquelas condições, eu também não queria

Como é evidente, reina entre a comunicação social uma esquizofrenia tão aguda como a que a tutela [da educação] levou às escolas e aos seus profissionais. Não é que não existisse antes com a multiplicação de reformas educativas ao sabor das aspirações políticas e sabe-se lá mais o quê dos anteriores titulares da pasta. Contudo, esta ministra demonstrou ser medonhamente obtusa, julgando-se na posse da fórmula secreta que haveria de mudar a educação neste país. Aqui del rey... Perfeitamente irresponsável, a ministra julgou de forma prepotente e com uma arrogância digna dos parvos que era superior aos outros e, acima de tudo, julgou ser possível impor modelos de avaliação [por validar] à totalidade de profissionais cuja avaliação assentava fundamentalmente na antiguidade. E não era por responsabilidade de classe mas sim por comodidade político-eleitoral que o anterior modelo vigorava. Pior ainda que este hiato entre o oito e o oitenta, julgar que poderia exigir dos outros aquilo que não exige dos seus pares: sobriedade. Deixou de a ter quando alimentou o extremismo. Como é evidente, já aqui o escrevi várias vezes, reformas em democracia exigem consensos e exigem a existência de instituições inteligentes, desprendidas de interesses puramente partidários, sindicais ou pessoais. Não tenho dúvidas que os bons professores desejam ser avaliados para poder ver o seu trabalho reconhecido. Mas isso não tem que ser à custa dos alunos, de critérios mirabolantes, nem das pessoas que dão o litro em prol de algo que a senhora ministra jamais poderá compreender. Nem sindicatos ou a generalidade dos políticos.
Sócrates, o avalizador das políticas desta ministra, continuará convencido da sua inevitabilidade e de um certo elan que julga ter, mesmo depois do sério aviso dos portugueses na últimas eleições europeias. Em democracia pode ter que se governar por vezes contra o vento mas não se pode governar contra o povo nem fazer desse, o estilo da governação.


PS: esta é uma questão que tem que ver com princípios, com os fundamentos da avaliação dos professores. Infelizmente, há outros casos na AP que se justificam pela mais incompreensível incompetência dos serviços e dos «profissionais» responsáveis.

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