7 de junho de 2009

Quem semeia ventos colhe tempestades

A volumosa abstenção é preocupante mas não serve para explicar os resultados eleitorais nestas eleições europeias. A crise económico-social também não cumpre esse requisito, não obstante a compreensível vitimização do partido de poder. Este PS pode ou não tirar as ilações destas eleições. Tem mais alguns meses para a fazer mas isso. Não me parece é que tenha condições para continuar a tratar sobranceiramente a população como o tem feito até aqui. O fantasma da governabilidade pode ter tido aqui os seus dias contados pois foi inequívoco o sinal dos votantes relativamente a um cenário de nova maioria absoluta. A menos que o primeiro-ministro demita a ministra da educação, o ministro das obras públicas, o ministro da agricultura e o ministro das finanças. Ou, em alternativa, aceite uma coligação com o PSD, assumindo definitivamente a ligação ao universo ideológico com o qual mais se identifica.

Esta campanha eleitoral foi uma vergonha e isso sim, pode ajudar a explicar o desinteresse e descrédito que estão por detrás do aumento da abstenção eleitoral, a qual não é de modo nenhum exclusiva das eleições europeias. Nem aqui nem na Europa. Vital Moreira atreveu-se a sair das estantes de Coimbra para se revelar um militante com jeito para fazer fretes e da pior maneira. O PSD ganhou um potencial líder, embora se fique com a sensação deste resultado lhe ter caído no colo.

Os partidos mais desalinhados com a Europa totalizaram quase 20% dos votos mas porque nestas eleições se jogava o aquecimento para as legislativas [num total desprezo pela Europa], nem eles se vão lembrar dessa antipatia.

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