16 de outubro de 2009

A conspiração anti-comunista

O anti-comunismo expressa-se por uma crítica gratuita aos fundamentos ideológicos do marxismo. Frequentemente com base em preconceitos, como aqueles que o Estado norte-americano disseminou no pós-guerra. Esse, é talvez o melhor exemplo de anti-comunismo de Estado. Em tese, nem sequer os socialistas puros podem assumir posições radicais de anti-comunismo porque o socialismo é, por definição, um marxismo não dogmático que considera a passagem pelo estádio do socialismo, previsto pelo próprio marxismo. A URSS não se chamava União das Repúblicas Socialistas Soviéticas apenas porque o nome era pomposo e comprido. Todavia, foi incapaz de realizar a transição que converteria finalmente a utopia em realidade.

Infelizmente, apesar do acesso universal à educação [também] proporcionado por homens que sofreram duras privações, chegando mesmo a perder a vida por ideais (dignos comunistas a quem faço uma homenagem), grassa por aí uma ignorância medieval que dá dó. Mais, o comunismo é a expressão doutrinária de um ideal cuja apropriação não é exclusiva de um partido, grupo ou indivíduo. Na verdade, foi tornado público em 1848 um Manifesto que proclama a universalidade do ideal, à luz da análise histórica, social e económica realizada por Karl Marx e Friedrich Engels às sociedades industriais. A Internacional nasce aí. Em todo o caso, O Capital é um interessante ponto de partida. Há livros de bolso, se a leitura se tornar penosa.

A livre convivência democrática, bem como o conjunto de direitos, liberdades e garantias que o PCP ajudou a construir, não podem aniquilar a Teoria Crítica aqui seguida (na tradição da Escola de Frankfurt, onde pontificam marxistas como Theodor Adorno, Walter Benjamin, Herbert Marcuse ou Jürgen Habermas) e em harmonia com os valores democráticos e liberais da liberdade de pensamento [e expressão]. Nesse sentido, é lícito analisar os temas com certo grau de liberdade e, em tom frequentemente desafiador, lançar mão de conceitos operativos trabalhados pelas Teorias do Conflito para reflectir seriamente sobre as opções dos dirigentes comunistas ou sobre as decisões do governo PS. Ou sobre o lenço de Santana Lopes. Ou sobre o descrédito generalizado em que a classe política se atolou.

A rubrica Desconstruções pretende realizar a dupla ruptura epistemológica, sobre a qual dissertou outro pensador marxista (Boaventura Sousa Santos) para assinalar um caminho na pesquisa científica: a ruptura com o senso comum e a ruptura com o discurso científico. E, dessa forma, contribuir humildemente para que a minha própria cultura política [aqui, estou a utilizar cinicamente a estratégia cartesiana de legitimação do discurso] se emancipe. Se for capaz.

Agradeço publicamente ao Blogger pela grande oportunidade que me deu.




1 comentário:

Anónimo disse...

nãos percebi. mas afinal este espaço é ou não um espaço anti-comunista?