19 de dezembro de 2009

O abominável palhaço



Por ser escrito por um jornalista frequentemente ponderado que tem o seu lugar no imaginário dos telespectadores portugueses e é uma referência num mundo que deixou de as ter, por ter sido publicado num jornal que, ainda assim, é uma referência da imprensa em Portugal, o artigo de opinião assinado por Mário Crespo no Jornal de Notícias - O Palhaço - é tão declaradamente violento que roça o surreal.

Primeiro, pela evidente colagem de uma série de características humanas desprezíveis numa figura colectiva que é encabeçada claramente pelo primeiro-ministro. Em segundo lugar, pela invulgar [e até estouvada] independência com que Mário Crespo se atira como gato a bofe a um segmento de gente com poder. Com muito poder. Em terceiro lugar, pela dureza encrespada das palavras utilizadas.

Talvez também Mário Crespo tenha afinal as «costas quentes» nesta guerra sem quartel que os políticos se habituaram a travar entre si, na qual o interesse público é a «glória» pessoal. Ou talvez Mário Crespo tenha também sofrido na pele as diabruras do palhaço. E esteja farto dele. Certo é que este é um artigo que invoca muito mais do que a mera opinião política, social ou jornalística. Invoca, isso sim, um profundo mal-estar que grassa na sociedade portuguesa mas que, aparentemente, não tem solução. Invoca, sem contemplações, o inconformismo naquele que parece o derradeiro e irracional ataque. Será?! Mas lá crespo, foi ele...

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