9 de março de 2010

Onanismo ora à esquerda ora à direita

Para um esquerdista, a «masturbação» à direita pode revelar-se contraproducente e, num certo sentido, pode gerar uma falsa sensação de prazer. Ou incompleta. Uma espécie de coito interrompido da política. Onanismo político-partidário, para ser mais técnico. Para um dextro, a frustração será semelhante. Mesmo nos casos em que o sujeito é ambidextro, a «masturbação» à vez, ora à esquerda ora à direita, também não surte os melhores efeitos, correndo o risco de se revelar sensaborona. E até enervante.

O anúncio do PEC pelo governo vincula o palato de canhotos e dextros a um tempero agridoce: afiança o não aumento da carga fiscal subtraindo alguns incentivos fiscais; agrava a tributação fiscal daqueles que recebem 150 mil euros por ano mas não lhes inibe a possibilidade de compensar com privilégios medidos em bens e serviços; propagandeia os cortes na despesa de investimento potencialmente geradora de postos de trabalho, contraindo as prestações sociais como o subsídio de desemprego.

Para além disso, o governo prepara-se também para cortar na despesa de empresas públicas ou com forte participação pública (casos da EDP, REN, TAP, etc.) sem acabar de vez com o controlo partidário que, nalguns casos, é indiciador de gestão escandalosamente danosa. Embora, na verdade, a EDP tenha anunciado recentemente uma subida dos lucros na ordem dos 11%...

Seja como for, descapitalizado, o Estado não tem condições para assegurar o seu próprio compromisso com os cidadãos. Nesse caso, mais do que o fim da história, é admissível que dentro de um par de anos assistamos à manifestação de uma espécie de eterno retorno, quando se chegar à conclusão que há necessidade de proceder novamente a expropriações e nacionalizações da propriedade privada.

Havia um amigo a quem alcunharam de forma ímpia, «o meia», porque tinha o hábito de deixar coisas a meio... pois bem, o PEC é mais ou menos assim.

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