30 de abril de 2010

A clarividência de Mariano Gago

O ministro afirmou em Madrid que «a pirataria é uma fonte de progresso e globalização» pelo que a indústria cultural não deve ver o fenómeno como inimigo. E deu o exemplo da música, alegando que o produto acrescentado ao produto inicial em resultado da popularidade pode ser enormíssimo. O myspace é disso um bom exemplo e não há programador ou director artístico que não entre naquele portal com o objectivo de contratar. Como é evidente, há casos em que a clarividência de Gago não se aplicará. Mas não deixa de ser curiosa a onda de contestação às afirmações do ministro, provenientes do campo da parasitagem habitual, vulgo «defensores dos direitos de autor».

Numa mesa redonda que decorreu na Sociedade Harmonia Eborense há dias, José Mário Branco defendia que a partir do momento em que as suas obras são criadas, passam a pertencer à humanidade. Deixam de ser sua propriedade, em parte porque vão ser recriadas sensivelmente por cada ouvinte, por cada espectador. Por isso, prescinde habitualmente da cobrança de direitos de autor, com excepção da venda de discos. Mas não é a publicidade e a difusão de discos e músicas que lhe abrem as portas dos compradores de concertos?

Aliás, se não fossem os compradores de concertos, dificilmente se viveria da música em Portugal... artistas e dessa parasitagem que lhes esvoaça na órbita.

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