14 de maio de 2010

Bruna Real, a professora «imoral»

foto: Joana Freitas para a revista Playboy



Em vez de celebrarem a beleza descomplexada de uma mulher atraente e vulgar ou, simplesmente, ter a maturidade suficiente para ignorar e distinguir perfeitamente a esfera profissional da esfera privada, os responsáveis da autarquia de Mirandela decidiram suspender uma professora que posou nua para a revista Playboy. Moralismo anacrónico? Excesso de zelo?

Certo é que a rapariga arrisca-se a perder o emprego; os seus alunos tiveram sonhos eróticos imaginando-a descobrindo a coxa sentada na secretária (e previsivelmente alguns pais); as beatas sentiram inveja do seu corpo jovem e pulsante, e, em rigor, não foi cometida nenhuma ilegalidade ou um atentado ao estado de direito. A não ser a ilegalidade que permitiu aos alunos, menores, de aceder à imoral revista...

É certamente muito «menos grave» agitar bandeirinhas num país parado e adular um indivíduo carregado de ouro e diamantes passeando-se em «papamóveis»enquanto metade da humanidade definha às portas da fome. É certamente «desculpável» a violência doméstica que grassa por esse país fora ou, inclusive, o bullying que leva crianças a suicidar-se (como aconteceu recentemente naquelas paragens com o jovem Leandro). E, finalmente, «é menos gravosa» a imoralidade política cujas consequências vão aos bolsos de todos e tornam miserável a existência de boa parte dos portugueses. Aqueles que se insurgiram contra a ousadia da professora e que, provavelmente, nada poderão ter contra o seu desempenho profissional, são provavelmente aqueles de quem mais vergonha tem um estado de direito laico, democrático e emancipado. E os que, na desgraça, celebram a desigualdade e a irracionalidade de cada vez que se regista uma transferência milionária no mundo do futebol.

Mas não... tal como aconteceu sucessivamente com os judeus ao longo da história, a nudez desta rapariga é que está na origem de toda a imoralidade e transformação de valores que ameaçam a ordem social. Auto-de-fé com ela!

Se estivesse coberta de gesso, seria uma obra de arte. Assim, é só uma «reles puta».
... e depois?!

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