2 de junho de 2010

Proposta de receitas na ordem dos 3 mil milhões

Há uns dias, a propósito da moção de censura apresentada pelo PCP, José Sócrates acusava os comunistas de pautarem a sua intervenção por um discurso destrutivo. Reclamava, o senhor primeiro-ministro, uma conduta mais construtivista. É verdade que uma moção de censura pretende ser uma bomba que, em bom rigor, não estava destinada a ser detonada. Nem sequer por quem a montou. Mas reduzir a acção do PCP a uma moção ou a outros assuntos em que não há entendimento possível com o PS é revelador de ablepsia direccionada. Ou cisma…

Nem por acaso, o PCP acaba de propor um pacote de medidas com vista à obtenção de receitas a realizar entre os mais ricos. Para além de ser uma proposta séria, não é demagógica nem populista mas sim, politicamente coerente com a ideologia marxista, da qual também o socialismo é subsidiário…

Entre as propostas podemos encontrar o aumento da tributação dos bancos, o agravamento de taxas relacionadas com o património (IMT, IMI, IUC, ISV) aplicáveis a partir de determinado «tecto» (demasiado alto para o homem médio…). Mas também a taxação sobre transacções financeiras em bolsa, transferências de capitais para paraísos fiscais e o fim dos benefícios fiscais dos planos de poupança reforma.

Relativamente a estes, permanece a dúvida sobre a alternativa à necessidade de poupança das famílias.
 
De resto, as medidas são muito positivas, ao contrário do que pensará o governo e a direita. E, claro, ao contrário do que pensa a malta das viaturas mais caras do que casas e das casas mais caras do que edifícios públicos.


PS: a taxação de 0,1% sobre as transacções financeiras tem um pai: James Tobin, Nobel da Economia em 1981.

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